Cidade

Familiares homenageiam mortos pela tragédia do Novo Amapá há 42 anos

Da Redação

Familiares, amigos e militares do Exército Brasileiro relembraram nesta sexta, 6, a maior tragédia fluvial do País, o naufrágio do barco “Novo Amapá” que aconteceu em 6 de janeiro de 1981, completou 42 anos.

A homenagem às vítimas foi realizada no cemitério de Santana, região metropolitana da capital Macapá, onde a maioria dos mortos foram sepultados em uma cova coletiva. A emoção tomou conta de quem passou e sobreviveu a tragédia.

O naufrágio vitimou aproximadamente mais de 400 pessoas, deixando marcas às famílias de mortos, sobreviventes e todos os que presenciaram a repercussão do acidente, sendo um dos maiores naufrágios do Brasil em número de vítimas e o maior do estado do Amapá.

Tudo aconteceu quando a embarcação partiu Tragédia ocorreu em 6 de janeiro de 1981 quando embarcação partiu de Santana (AP), as 14h, para o distrito de Monte Dourado, em Almeirim (PA), vindo a naufragar pouco antes das 21h.

Superlotado, o navio tombou no Rio Cajari, próximo ao distrito de Monte Dourado, em Almeirim, no Pará, onde seria o destino final. Centenas de pessoas perderam a vida no naufrágio.

Um dos motivos que levaram a grande quantidade de mortes foi a superlotação do barco. O exército brasileiro foi acionado e os militares que atuaram nas buscas são denominados “os bravos heróis”.

Infelizmente, alguns familiares até hoje ficam na saudade, porque não puderam realizar o sepultamento dos entes queridos por terem sido levados pela correnteza.

O Novo Amapá, segundo o inquérito marítimo nº 22.031, do Departamento Regional da Marinha no Pará, tinha 25 metros de comprimento com suporte para transportar no máximo 400 pessoas e meia tonelada de mercadoria.

À época, a Capitania dos Portos havia registrado cerca de 150 passageiros, conforme lista cedida pelo despachante do barco. No entanto, o barco teria partido com mais de 600 passageiros e quase uma tonelada de carga comercial, informou investigação à época. Essa sobrecarga da embarcação foi o fator crucial para o naufrágio.

Historia

Por volta das 20 horas, seis horas depois do embarque, o barco naufragou nas imediações da foz do Rio Cajari. Alguns sobreviventes contam sobre a rapidez do ocorrido e a dificuldade de sair do amontoado de mercadorias, cordas e lona. Na manhã do dia seguinte, a cidade estava de luto. Muitos buscavam notícias de sobrevivência de amigos e parentes, e em sua maioria, não tinham retorno.

Dezenas de caixões foram encomendados às pressas e houve um colapso no sistema funerário, uma vez que houve um esgotamento de urnas funerárias. Muitos corpos foram enterrados em valas coletivas, já que não havia espaço o suficiente para enterrá-los separadamente.

A lista de despacho, segundo a Capitania dos Portos há época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas, na embarcação havia mais de seiscentas vidas. O despachante (falecido em abril de 2001, vítima de Dengue Hemorrágica) afirmou que só foi informado da tal lista após já ter partido há certas horas e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente.

O comandante responsável pela viagem, Manoel Alvanir da Conceição Pinto, seguiu todas as instruções necessárias do proprietário, sobre a viagem. O proprietário era Alexandre Góes da Silva, que teve seu corpo encontrado no camarote da embarcação. Manoel Alvanir continuou seus serviços como marinheiro. Atualmente trabalha em algumas embarcações no porto do Ver-o-Peso, em Belém. Poucas lembranças lhe vêm à memória quando o assunto é a tragédia do Novo Amapá.

Registro fotográfico na partida mostra superlotação

Seu único comentário volta-se para o comando do barco. Segundo versões de sobreviventes na época, a responsabilidade pela cabine de comando estava nas mãos inexperientes de um garoto. “Isso é mentira. Havia sim um garoto ao meu lado na cabine de comando, mas não deixei por nenhum momento ele pegar na direção do barco, como andaram dizendo”, afirmou o ex-comandante que fez da que seria uma simples viagem fluvial, o maior naufrágio da navegação brasileira.

Reportagem: Meire Nunes

Imagens: Manoel Jr e arquivo

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo