Cidade

Desalojado, Samu 192 corre risco de suspender atendimentos à população

Cansados de promessas de readequação feitas pela Sesa, e pelo coordenador da Central de Regulação, alguns servidores que atuam no Samu decidiram denunciar o descaso nesta quarta-feira, (26)

Da Redação

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi implantado no Amapá em 11 de setembro de 2006, para atuar em ocorrências envolvendo acidentes e traumas com vítimas e atendimentos pediátricos, clínicos, obstétricos, entre outros. Em 2022, o serviço 192 completou 16 anos de relevantes serviços prestados, mas sempre abrigado em prédio cedido pelo Município de Macapá, no bairro Beirol, Zona Sul da capital.

Incubadoras usadas para transporte de bebês prematuros estão jogadas ao lado da unidade

Agora, com o pedido de desocupação do prédio para reforma, o Samu estadual foi remanejado, há dois meses, para a Central de Regulação Ademar Rodrigues dos Anjos, no bairro Pacoval, bairro Central de Macapá. Porém, desde a transferência, o Samu passou a enfrentar sérios problemas estruturantes, como a falta de salas para abrigar os profissionais e equipamentos.

Cilindros de oxigênio ficam expostos no chão

Cansados de promessas de readequação feitas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e pelo coordenador da Central de Regulação, alguns servidores que atuam no Samu decidiram denunciar o descaso nesta quarta-feira (26). Eles se dizem preocupados até mesmo com uma possível suspensão do atendimento.

“Veja bem. Iniciamos, por exemplo, a construção de uma Central de Material e Esterilização (CME), onde são realizados serviços como limpeza, desinfecção e esterilização de materiais e equipamentos utilizados nas ambulâncias. Sabemos que existe um risco altíssimo de contaminação, mas mesmo assim a obra foi embargada. Então, temos que improvisar. Além disso, cilindros de oxigênio e outros equipamentos estão acondicionados em locais impróprios. As incubadoras, onde transportamos bebês prematuros, estão jogadas ao lado da unidade. Enfim, materiais e servidores estão ao relento, essa é a verdade”, denunciou um servidor pediu para não ter o nome divulgado por medo de retaliação.

Equipamentos das ambulâncias secam ao sol, com alto risco de contaminação

As denúncias do servidor se juntam às ações do Ministério Público do Amapá (MP-AP). No dia 13 de outubro passado, os procuradores Wueber Penafort e Fábia Nilci, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública (PJDS), emitiam recomendação ao titular da Sesa, Juan Mendes, para que houvesse, de forma imediata, adequações nas instalações físicas no andar térreo do Complexo, que deveria ser destinado exclusivamente ao Samu.

A recomendação foi resultado de uma inspeção realizada pelos promotores no mês de setembro, onde ficou comprovada a falta de estrutura adequada do prédio. Foram constatadas irregularidades como a falta de alojamentos adequados, geradores de energia, Central de Material e Esterilização, abrigo externo de resíduos sólidos, expurgo, área para lavagem das ambulâncias e macas, sinalização do prédio para entrada e saída das viaturas, dentre outros itens obrigatórios e previstos na Portaria do Ministério da Saúde 2657, de 16 de dezembro de 2004, que define todas as ambiências do Serviço de Atendimento Móvel.

Porém, pelo que se comprovou, vencido o prazo, as medidas recomendadas pelo Ministério Público do Amapá foram ignoradas. Nesta quarta-feira, o Conselho Estadual de Saúde do Amapá (CES/AP) convocou uma reunião com o titular da Sesa, o diretor do Centro de Regulação e Ministério Público para tentar alinhar procedimentos que possam garantir o abrigo do Samu, com segurança e comodidade, no prédio do Centro de Regulação.

A reportagem procurou o secretário Juan Mendes e o coordenador da Central de Regução para comentar as denúncias, mas não houve êxito nas ligações.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo