Vladimir Putin integrou as regiões de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporizhzhia ao controle de Moscou após contestados referendos
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anexou na última semana quatro territórios ucranianos ao gigantesco e extenso mapa russo. O processo foi formalizado após um polêmico referendo nos quais as populações de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporizhzhia supostamente aceitaram deixar a Ucrânia.
A votação, que acontece em meio à guerra entre os dois países, foi amplamente criticada por líderes mundiais do Ocidente, os quais reforçam que não reconhecerão as novas terras anexadas pela Rússia.
Em meio à disputa pelo território que compõe cerca de 15% da área total da Ucrânia, quais são os efeitos práticos para as pessoas que moram nestas regiões?
Douglas Galiazzo, professor de direitos humanos da Estácio, explica que famílias podem ter uma maior dificuldade para se ver, além das questões culturais ucranianas suprimidas pelo poder e ideologia russa.
“A população vai deixar de ser ucraniana, vai passar a viver sob o regime, o modo de vida, moeda e política da Rússia. Vai tornar dificultoso também o contato com os parentes em outras regiões da Ucrânia”, destaca Galiazzo. “Isso vai impedindo essas raízes da população desse povo ucraniano com todas as consequências, de passar até a ter uma outra cultura”.
De acordo com informações divulgadas pela Agência Efe, cerca de 92,74% dos eleitores da região de Zaporizhzhia, banhada pelo Mar de Azov, apoiaram a anexação russa, de acordo com a apuração de mais de 92% dos votos. No caso de Kherson, na fronteira com a Crimeia, após a apuração de 75% dos votos, mais de 86% votaram sim. O Ocidente, todavia, não confia nestes números.
Rudzit diz governos de países como Estados Unidos e Canadá, ou organizações como a União Europeia, pouco podem fazer diante da anexação russa.
“[Outros países podem fazer] o que fizeram quando em 2014 a Rússia anexou a Crimeia: não reconhecer. É importante sanções específicas para a região e lideranças políticas das mesmas, nada muito além disso”, ressalta o professor.