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Esqueleto da baleia-jubarte entra em exposição no Museu Sacaca

De acordo com o diretor de pesquisas do Iepa, Alan Kardec, a exposição tem como fundamento principal contar a história científica da baleia-jubarte e a importância do achado no Amapá

Elden Carlos

Editor

O esqueleto do filhote de baleia-jubarte, encontrada morta na região da Ilha Vitória, no Arquipélago do Bailique, em 2018, ganha exposição própria a partir desta quinta-feira (22) no Museu Sacaca. Um evento, marcado para às 19h, vai apresentar o esqueleto que tem cerca de 250 peças que passaram por um longo processo de preservação. A partir de sexta-feira (23) a exposição estará aberta ao público.

De acordo com o diretor de pesquisas do Iepa, Alan Kardec, a exposição tem como fundamento principal contar a história científica da baleia-jubarte. “Resgatamos essa baleia em 2018. Vamos falar, principalmente, sobre ciência e a importância dessa baleia para nossa região, já que se trata do primeiro caso dessa espécie”, disse o pesquisador.

Kardek lembrou que esse foi o primeiro encalhe registrado na foz do rio Amazonas. Não se sabe o que causou a morte da baleia, mas provavelmente ela teria se perdido da mãe e encalhado nas águas turvas da região considerada estuaria.

“Era um animal marinho de cerca de 12 metros de comprimento, o que nos mostra que ainda era um filhote. Elas podem chegar a 16 metros. É importante frisar que não é um espécime amazônida, e isso chamou atenção da comunidade científica. É, sem dúvida, o primeiro registro desse tipo de ocorrência envolvendo uma jubarte na costa do Amapá”, garantiu.

Entenda o caso

A ossada da baleia-jubarte, encontrada morta no dia 15 de dezembro de 2018, na Ilha Vitória, no Arquipélago do Bailique, chegou a Macapá no dia 21 de janeiro. Parte dos restos mortais do mamífero (ossos maiores) foi enterrada na área do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), em Fazendinha, para que o processo de decomposição ocorresse de maneira natural. A outra parte (ossos menores) foi depositada em um local chamado dermestário, que contém microrganismos e que fizeram a decomposição do material.

Segundo o biólogo e diretor de pesquisas do Iepa, Allan Kardec, a ação foi necessária, pois ainda havia gorduras em partes da ossada. “Foi um processo previsto para durar entre quatro a cinco meses. Após isso, foi retirado e se iniciou um processo de limpeza para, em seguida, começar a montagem do esqueleto”, explicou o biólogo.

No país, existem somente quatro esqueletos de jubarte montados que são nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro.

A bióloga e especialista em mamíferos aquáticos do Instituto Mamirauá (AM) Daniele Lima, que trabalha em parceria com o Iepa, explicou há época que os registros de jubartes no Amapá estão a 300 km da costa. “Este é o primeiro encalhe dessa espécie no Estado”, frisou a especialista, acrescentando que já houve casos de encalhe de jubartes na costa do Maranhão e do Pará.

A ocorrência de jubartes no Brasil é bem extensa, porém, não havia registros delas no Amapá. Através da ossada, será possível o estudo relacionado à anatomia do animal, assim como para saber se o mesmo pertence ao grupo recorrente nas águas do hemisfério sul ou norte.


Reportagem: Luciane Alves
Imagens: Manoel Júnior

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