Política Nacional

Após promessas de diversidade, 1º escalão de Lula só tem uma mulher

Mulheres indicadas vêm enfrentando resistência do PT e de aliados para cargos de comando e Lula tem cedido às pressões

Ao longo da campanha, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), explorou a pauta da diversidade para atrair votos. Afirmando que montaria um governo com amplo espaço para as mulheres, negros, indígenas e minorias, o petista atraiu votos de diversos segmentos da sociedade. No entanto, faltando menos de duas semanas para tomar posse, o primeiro escalão do governo e os nomes já anunciados para o segundo escalão seguem formados majoritariamente por homens.

Até agora, foram anunciados seis ministros, sendo apenas uma mulher, a cantora Margareth Menezes, integrante da equipe de transição, que vai chefiar a pasta da Cultura. O senador eleito pelo Ceará, Camilo Santana, já foi escolhido como ministro da Educação e deve ser anunciado nos próximos dias, se sobressaindo sobre Izolda Cela, atual governadora, que estava entre os nomes mais cotados para o cargo, inclusive sendo defendida por especialistas que atuam na área.

Nos bastidores, aliados dizem que Lula sofre pressão política contra as mulheres indicadas para chefiar ministérios e outros cargos de comando, mesmo que tenham competência técnica. De acordo com fontes ligadas ao governo eleito, Lula tem cedido às pressões e dado preferência a homens.

Até agora, seis nomes foram anunciados: Fernando Haddad (Fazenda), Flávio Dino (Justiça), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa), além de Aloizio Mercadante. Apenas Flávio Dino se declara como pardo, de acordo com informações protocoladas na Justiça Eleitoral.

A senadora Simone Tebet, que apoiou Lula no segundo turno das eleições e já foi apontada como eventual ministra da Educação, encontra dificuldades em integrar a equipe ministerial. O nome dela é cotado para o Ministério do Desenvolvimento Social, pasta responsável pela gestão do programa Bolsa Família, mas Lula enfrenta pressões internas para nomear um petista para o cargo.

Apesar de abordar com frequência a pauta da inclusão feminina durante a campanha presidencial, a falta de representatividade das mulheres chama a atenção. Entre a extensa equipe de transição do novo governo, com mais de 900 integrantes, o percentual de coordenadoras dos grupos de trabalho foi de apenas 32%: 132 mulheres de um total de 424 coordenadores.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, indicou nomes para compor a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Entre os nomes revelados para comandar diretorias e setores estratégidos, a ausência de mulheres se repetiu, assim como nas demais alas do governo.  Apenas duas mulheres estão em cargos de direção, entre um grupo com 15 nomes na PF: Helena de Rezende vai atuar na Corregedoria-Geral e Luciana do Amaral Alonso Martins na Diretoria de Ensino.

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