Delegado Sidney Leite deixa carceragem do Centro de Custódia Zerão após 2 meses preso
Sidney Leite foi preso em setembro deste ano pela Polícia Federal (PF) e Gaeco, durante a operação ‘Queda da Bastilha’, que investiga a maior organização criminosa em atividade no Amapá.
Elden Carlos /Editor
O Pleno do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP) julgou procedente na manhã desta quinta-feira (15) o pedido de Habeas Corpus (HC) ingressado pela defesa do delegado da Polícia Civil do Amapá, Sidney Leite Henriques, que havia sido preso no dia 14 de setembro deste ano pela Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Amapá (Gaeco), do Ministério Público do Amapá, durante a operação ‘Queda da Bastilha’, que investiga uma organização criminosa altamente estruturada e que gerenciava crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Como o processo corre em segredo de justiça, não foram divulgados informações da sessão plenária extraordinária. Porém, o diretor do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), Lucivaldo Costa, confirmou à reportagem do Equinócio Play que o delegado deixou a carceragem do Centro de Custódia do Zerão, na Zona Sul de Macapá, por volta de 15h30.
Denúncia
No dia 24 de outubro, o delegado Sidney Leite foi denunciado pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP) à 1ª Vara Criminal de Macapá pelos crimes de organização criminosa e exploração de prestígio. Na denúncia, assinada pelos promotores de Justiça Andréa Guedes, Christie Girão e Rodrigo Assis, estão anexadas conversas entre o delegado e Ryan Richelle dos Santos Menezes, o ‘Tio Chico’, de 29 anos, que foi transferido no dia 23 do mesmo mês para o presídio federal de Mossoró, distante 267 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte (RN).
Segundo a Promotoria, Sidney Leite e o líder da maior facção em atividade no Amapá operavam um grande esquema criminoso que envolvia outros agentes públicos, presidiários e advogados. Na primeira fase da operação, foram expedidos 8 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão contra os investigados. A defesa do delegado vem declarando que Tio Chico era apenas um informante da polícia, e que não havia relação criminosa entre eles, garantindo que a inocência do ex-titular da DTE será comprovada no decorrer do processo.
Queda da Bastilha
A Operação Queda da Bastilha foi deflagra no dia 14 de setembro de 2022 pela Polícia Federal (PF) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Amapá (Gaeco), do Ministério Público do Amapá (MP-AP). Um dos presos na operação foi o delegado da Polícia Civil, Sidney Leite, que se licenciou da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) para disputar o cargo de deputado estadual nas eleições gerais deste ano.
Sidney Leite teve a prisão preventiva decretada por supostamente ter facilitado a saída de um líder de facção criminosa por meio de um esquema de laudos médicos falsos dentro do Iapen. Em uma troca de mensagens interceptada pela PF, Sidney acerta detalhes da saída de Ryan Richelle dos Santos Menezes, o ‘Tio Chico’, de 29 anos, líder da mais violenta facção em atividade no Amapá.
Pelo esquema, um médico – intermediado por advogados – emitia laudos falsos atestando doenças graves para os detentos serem autorizados a cumprir a pena em regime domiciliar. O delegado licenciado teria entrado em contato com o responsável pelo esquema para facilitar a saída a Ryan, pedindo na conversa que: “Não o esqueça em seus ‘planos’”.
Para os investigadores, seria uma indicação de recebimento de vantagens indevidas. Em uma das conversas interceptadas, Ryan diz ter pago R$ 150 mil para conseguir a prisão especial.
Sidney tentou, ainda, alugar um carro blindado para o dia que Ryan saísse da prisão, mas não conseguiu. O ex-titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes buscou também um local para o integrante da facção ficar hospedado após a saída da prisão e lamentou que se não fosse o uso da tornozeleira eletrônica, ‘Tio Chico’ poderia ficar escondido na casa do delegado.
Transferência federal
Considerado como o principal líder entre as organizações criminosos instaladas no Amapá, Ryan Richelle dos Santos Menezes, o ‘Tio Chico’, de 29 anos, foi transferido na tarde do dia 23 de setembro pasado para o presídio federal de Mossoró, distante 267 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte (RN).
A informação foi confirmada há época, com exclusividade, ao Portal EquinócioPlay pelo secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, coronel Carlos Souza.
‘Tio Chico’ deixou o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) por volta de 11h40 sob forte esquema de segurança em direção à Polícia Técnico-Científica (Politec) onde passou por exame de corpo delito. Às 12h38 ele deixou a sede da Politec e foi escoltado até o aeroporto internacional de Macapá.
Ainda de acordo com o secretário, o pedido de transferência de ‘Tio Chico’ foi feito há um ano, quando houve uma guerra entre facções que deixou dezenas de mortos no Amapá. Ele teria declarado o massacre. No entanto, a autorização do pedido segue um longo caminho burocrático. Primeiro, o Iapen requer a transferência à Vara de Execuções Penais (VEP). De lá, o pedido segue para o Ministério Público do Estado (MP-AP), sobe até um juiz corregedor que aciona o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), responsável por identificar a vaga e confirmar o pedido. Depois, o processo segue o mesmo caminho no sentido inverso.