De desidratação a insolação: como o calor afeta sua saúde e o que fazer para evitar problemas sérios
Altas temperaturas registradas no País nos últimos dias trazem riscos à saúde, em especial para idosos, crianças e doentes crônicos; veja como se proteger

Boa parte dos brasileiros vem sentindo na pele – e no corpo – os efeitos da onda de calor que atinge algumas regiões do País desde a semana passada: mal-estar, tontura e dor de cabeça são alguns dos sintomas mais comuns, mas temperaturas altas durante um período prolongado podem desencadear problemas ainda mais sérios, como insolação, infarto e acidade vascular cerebral (AVC).
A alta nos termômetros dispara uma série de mecanismos fisiológicos com o objetivo de reequilibrar a temperatura corporal, que, idealmente, deve ficar entre 35,5ºC e 37ºC. Entre esses mecanismos está a transpiração e a vasodilatação (dilatação dos vasos sanguíneos do corpo).
O problema é que essas estratégias do nosso organismo podem ter consequências. A mais conhecida e comum delas é a desidratação. Sem água suficiente, o corpo pode sofrer com fadiga, boca seca, desmaios e, se o quadro for severo e prolongado, podem ocorrer problemas mais graves, como convulsões e problemas renais.
A desidratação combinada a outras consequências trazidas pelo calor podem causar quadros de estresse térmico, exaustão térmica e insolação. Na fase de estresse térmico, o corpo reage com dor de cabeça, tontura, náusea e até cãibras pelas alterações nos eletrólitos (minerais essenciais para as funções vitais).
Na exaustão térmica, a situação fica um pouco mais preocupante, pois a dor de cabeça piora, começa um pouco de confusão mental, as cãibras se agravam e a pessoa pode ter vômitos.
Quando chega à fase da insolação, o organismo perde a capacidade de regular sua própria temperatura. A pele fica seca (porque o corpo deixa de transpirar), a temperatura sobe (pode ultrapassar os 40°C) e pode haver uma redução do nível de consciência e desmaios, que podem evoluir para uma crise convulsiva. O quadro é considerado uma emergência médica e precisa de intervenção rápida pois pode levar à morte.
Maior risco de problemas cardiovasculares
O estresse térmico faz com que o coração bombeie o sangue mais rápido para dissipar o calor do corpo, o que eleva a frequência cardíaca.
O calor também desencadeia alterações inflamatórias na corrente sanguínea que, associadas à desidratação e à sobrecarga do sistema cardiovascular, elevam o risco de coagulação e eventos trombóticos, aumentando, assim, o risco de infartos e AVCs.
Pacientes cardiopatas, que sofrem com hipertensão ou insuficiência cardíaca, por exemplo, podem ter sua condição de saúde agravada pelo estresse térmico.
Idosos, crianças pequenas e pacientes com outras doenças crônicas, como insuficiência renal, também são mais suscetíveis aos problemas de saúde causados pelo calor.
Como evitar problemas de saúde trazidos pelo calor
A primeira e mais importante recomendação para evitar problemas de saúde durante ondas de calor é manter a hidratação. A recomendação é ingerir diariamente de 30 a 35 ml de água para cada quilo de peso corporal. Dessa forma, uma pessoa de 70 quilos deve tomar ao menos 2,1 litros de água por dia, enquanto um indivíduo de 90 quilos deve beber 2,7 litros do líquido diariamente.
A ingestão de líquidos pode vir também por meio do consumo de frutas ricas em água, como melão, laranja, melancia, abacaxi e morango. Importante lembrar que bebidas alcoólicas e com cafeína em excesso devem ser evitadas, já que podem contribuir para uma desidratação ainda mais intensa.
Evitar exposição prolongada ao sol e usar roupas leves e claras também ajudam a não aumentar a perda de líquidos. Nos dias mais quentes, evite, portanto, se exercitar ao ar livre entre as 10h e 16h. Caso tenha que se expor ao sol, use sempre boné, óculos de sol e protetor solar.
Para pacientes com doenças crônicas, manter o acompanhamento com um especialista é fundamental para manter a enfermidade sob controle e fazer eventuais adequações nas medicações, se necessário. Em alguns casos, o médico pode fazer ajustes no remédio para hipertensão, por exemplo.
É importante ficar atento aos sinais de alerta de desidratação, como boca e olho secos, urina escura e saliva espessa. Em idosos, em especial, pode haver confusão mental.
O que fazer em caso de emergência?
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo faz as seguintes recomendações para atendimentos iniciais de urgência:
- Levar a pessoa a um espaço arejado protegido do sol;
- Oferecer água, caso a pessoa esteja consciente e falando;
- Usar uma toalha molhada com água fresca ou gelada e posicioná-la na testa e no tronco. É importante deixar o rosto livre para facilitar a respiração;
- Em caso de desmaio, não oferecer líquidos e procurar o serviço de urgência/emergência o mais rápido possível. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também pode ser acionado pelo número 192.



