Banner principalGeral

Do deslumbre com o novo ao caos do ineficiente: Belém vivencia os dois lados da COP30

Moradores da capital do Pará e trabalhadores do evento reclamam dos preços de alimentos, mas destacam contato com outras culturas

Com o início da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) nesta semana, a população de Belém tem vivido experiências novas na capital paraense.

Em meio ao deslumbre de um evento da proporção da conferência internacional, a população se divide entre os custos e os benefícios de abrigar um evento desse porte, com relatos de aumento de preços de produtos e serviços, além de dificuldades de locomoção nas ruas da cidade.

“O cenário da cidade mudou completamente. Milhares de policiais armados, aviões pousando constantemente e helicópteros voando bem baixo. A gente sai para o mercado para comprar uma fruta, e encontramos com pessoas falando em diversos idiomas, usando roupas muito diferentes. É um contato direto com outras culturas”, conta a aposentada Maria Luiza Rodrigues, 71 anos, que morou quase a vida inteira no Pará.

Preço da COP

Embora a COP30 traga valorização, visibilidade e inclusão para o povo nortista, a chegada do evento evidencia problemas comuns a grandes eventos internacionais com intensa movimentação de pessoas.

“Tem gente que não está conseguindo sair para trabalhar por causa do trânsito. Além disso, os ônibus estão escassos, diminuiu consideravelmente a frota e, com isso, o preço de carros de aplicativo aumentou demais”, conta a diarista Luana Gonçalves.

Ela relata, também, um aumento generalizado dos preços de produtos nos mercados. “Está tudo mais caro. Coisas que custavam R$ 6, passaram para R$ 10, e o que era R$10 passou para R$ 15. Carne e café, principalmente, são produtos que notei mais superfaturados”, detalha Luana.

Se fora do Parque da Cidade os preços estão salgados, na Blue Zone, palco onde ocorrem as negociações oficiais da cúpula, nem se fala. Para quem trabalha na COP30, o horário de almoço é complicado.

“Tenho que andar até sair de dentro do parque para comprar algo para comer. Não é impossível achar coisas mais baratas, mas está mais difícil, sim”, afirma um dos membros do staff, um estudante de 27 anos que não quis se identificar.

Outra funcionária que está na Blue Zone diz que as opções de almoço mais baratas são em torno de R$ 50. “O jeito tem sido trazer comida de casa, porque, se formos usar o salário para comer todos os dias, não sobra nada”.

Segundo ela, os empregados tiveram permissão para levar suas marmitas porque a empresa que realizou a contratação “lutou por isso”, porém, não é certeza que isso continuará sendo permitido até o final da Conferência.

“Comentaram que não vão mais deixar trazer comida de fora, mas não temos como saber. A comunicação está péssima”, desabafa a estudante.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo