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Amapá e Acre registram aumento nas transações de madeira nativa na Amazônia Legal

Estudo elaborado pelo Imaflora, com base na produção de 2024, indica um reordenamento no mapa de transação comercial na região

O aumento das vendas de madeira nativa em tora nos Estados do Amapá e Acre promove a reconfiguração dos negócios na região, segundo Anuário elaborado pelo Imaflora. O diagnóstico das transações em 2024, e suas variações em relação a 2023, com base em dados públicos organizados pela Plataforma Timberflow, desenha um novo mapa regional.

Segundo o Anuário do Imaflora, o Pará continua no topo do ranking dos Estados que mais vendem tora, com o Mato Grosso em segundo lugar. Os números da comercialização florestal madeireira na Amazônia Legal, no entanto, indicam o Anuário, já antecipam um reordenamento de ações, logística e compras responsáveis na região.

Além da reconfiguração territorial (Amapá e Acre em alta; Mato Grosso em processo de ajuste) e a ancoragem do mercado interno (São Paulo), o Anuário revela que as exportações crescentes procuram destinos cada vez mais exigentes. Os Estados Unidos lideram como principal destino direto da madeira da Amazônia Legal fora do Brasil, representando 27,41%, seguido de Holanda (11,89%) e França (11,65%).

O Diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, Leonardo Sobral, afirma que Anuário Timberflow representa um marco importante para o setor florestal e para o Imaflora, pois reúne dados completos sobre a produção de madeira na Amazônia que são fundamentais para a definição de estratégias de curto, médio e longo prazos. “Analisando os dados de 2024, pode-se notar uma concentração das transações em três Estados da Amazônia Legal (Pará, Mato Grosso e Rondônia), o que reflete em um maior número de negócios com madeira da região”, destacou Leonardo.

Municípios

Mazagão consolidou-se como o principal polo madeireiro do Amapá em 2024, respondendo por mais de 60% do volume de madeira em tora transacionados no Estado. A atividade manteve alta concentração em poucas espécies: 89% da exploração se concentrou em apenas dez. Dinizia excelsa (angelim) liderou, seguida por Manilkara huberi (maçaranduba) e Dipteryx odorata (cumaru). Juntas, as três responderam por cerca de 70% do total amapaense.

No Acre, a produção permaneceu concentrada em Feijó e Rio Branco. Os dois municípios responderam por mais de 60% das transações de 2024 – 35,65% e 25,56%, respectivamente. A lista das dez espécies mais comercializadas somou mais de 68% do volume estadual. A Dipteryx odorata (cumaru) foi a mais explorada, com 79.977,31 m³, o equivalente a um quarto das transações do ano.

O padrão de concentração por espécie, observado nos dois Estados, permite calibrar o planejamento de oferta e manejo, além de abrir espaço para a diversificação do portfólio florestal. A ampliação do uso de espécies menos comercializadas e a busca por novos mercados podem diluir riscos, reduzir pressão sobre poucas madeiras de alto valor e favorecer ganhos industriais onde há base produtiva consolidada.

Sobre o Imaflora

Desde 1995, o Imaflora atua na promoção do uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. Suas ações conciliam conservação ambiental, desenvolvimento econômico e enfrentamento da crise climática. Com um vasto repertório de conhecimentos sobre produção florestal e agropecuária, sociobiodiversidade, uso da terra e mudanças climáticas, o Imaflora conquistou credibilidade técnica para dialogar com diferentes setores da sociedade, articulando convergências multissetoriais e fomentando cadeias florestal e agropecuária responsáveis, de baixas emissões e comprometidas com a sociobiodiversidade. Tudo em busca de soluções que gerem real impacto positivo na vida das pessoas que movem a economia conservando o meio ambiente. (www.imaflora.org)

Números nas Flonas

As Concessões Florestais Federais (CFFs) transacionaram 379 mil metros cúbicos de tora em 2024. O Estado do Pará responde por 79% (300 mil metros cúbicos) desse total.

Entre as florestas nacionais (Flonas) localizadas no Pará destacam-se as variações de 2023 para 2024 em Saracá-Taquera (–10,38%), na região entre os municípios de Terra Santa, Oriximiná e Faro, Altamira (+3,59%), Caxiuanã (+9,29%), no Marajó, e Crepori (–39,18%), no sudoeste do Estado. Em Rondônia, as maiores variações foram registradas nas Flonas Jamari (+15,04%) e Jacundá (+20,98%). 

As espécies de madeira nativa em tora em alta no mercado, segundo os dados de 2024, são Manilkara huberi (maçaranduba), Dinizia excelsa (angelim), Goupia glabra (cupiúba) e Dipteryx odorata (cumaru), que concentram cerca de um quarto do volume comercializado (1.461.796,25 m³). Essa informação, destaca o Anuário Timberflow, é central para a formulação de políticas de oferta por espécie e critérios de compras.

As estatísticas de 2024 consideram transações com status “recebido e similares”. As séries foram construídas a partir de IBAMA (DOF), Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS/PA) e Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA/MT). Atualizações posteriores nas bases públicas podem gerar ajustes, informa o Anuário.

O coordenador de Pesquisas em Florestas e Restauração do Imaflora, Felipe Pires, afirma que o Anuário registra informações importantes para a definição de estratégias para o setor florestal. Os dados oferecem aos setores público e privado uma análise profunda do cenário produtivo.

“Por meio do entendimento das dinâmicas de aumento ou diminuição das transações de madeira há oportunidades para melhores planejamentos setoriais da cadeia produtiva, diminuindo possíveis pressões sobre a floresta. Assim como a expansão para novas áreas de manejo sustentável, como em Concessões Florestais, e, por fim, incentivos para a modernização da indústria madeireira, aumentando a eficiência produtiva, agregando valor e gerando maior renda e inclusão social”, afirmou.

Infográfico

  • Transação madeireira – Amazônia Legal (2024)

Total (madeira em tora) Amazônia 2024: 6.571,030,88 m³.  
Mercado interno – São Paulo é o principal destino, com 352.801,78 m³, seguido de Rondônia (326.093,33 m³) e Minas Gerais (179.914,98 m³).  
Exportações – Volume total exportado em 2024: 203.274,55 m³, variação de 196,89% em relação a 2023. Os Estados Unidos lideram como principal destino da madeira fora Brasil, representando 27,41%, seguido de Holanda (11,89%) e França (11,65%).

Fonte: Anuário da Madeira/Imaflora (imaflora.org).

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