Cometa interestelar 3I/Atlas aumentou rapidamente ao passar atrás do Sol, indica Nasa
Observações de satélites da agência espacial norte-americana revelam informações surpreendentes sobre raro visitante cósmico

O cometa 3I/Atlas, um dos poucos corpos interestelares já observados passando pelo Sistema Solar, despertou a atenção de astrônomos por um fenômeno incomum: ele apresentou um rápido aumento de brilho ao se mover atrás do Sol, durante sua aproximação ao periélio, que é o ponto mais próximo da estrela em sua trajetória.
O objeto foi monitorado por diversas missões espaciais, incluindo o satélite meteorológico Goes-19, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), e o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), operado em parceria entre a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA).
As imagens captadas mostraram o cometa visível entre 18 e 24 de outubro, antes de desaparecer do campo de visão dos instrumentos que bloqueiam propositalmente a luz solar para observar a coroa do Sol.
O astrônomo amador tailandês Worachate Boonplod, conhecido caçador de cometas, foi um dos primeiros a registrar o 3I/Atlas no Goes-19. Ele relatou que o brilho do corpo celeste era comparável ao de estrelas de magnitude 11, o que o torna invisível a olho nu, mas perceptível para telescópios de médio porte.
Pesquisadores da Nasa publicaram em 28 de outubro um estudo preliminar no servidor arXiv indicando que o cometa intensificou seu brilho até atingir magnitude 9, devido à liberação de gases provocada pelo calor solar.
Ao se aproximar do Sol, o gelo na superfície do núcleo se transforma em vapor, formando uma nuvem luminosa e uma longa cauda. A análise também revelou que o 3I/Atlas emite uma luz azulada, sinal de que gases ionizados contribuem significativamente para o brilho observado.
Desde sua descoberta em julho, o 3I/Atlas tem intrigado cientistas por suas características excepcionais. Trata-se apenas do terceiro cometa interestelar já registrado, viajando a mais de 210 mil quilômetros por hora em uma rota quase retilínea. Sua velocidade recorde sugere que ele foi lançado de outro sistema estelar há bilhões de anos, impulsionado por sucessivos “estilingues gravitacionais” ao passar por estrelas e nebulosas.
Estudos apontam que esse visitante cósmico pode ser até três bilhões de anos mais velho que o Sistema Solar e possuir cerca de 5,6 quilômetros de diâmetro, o maior tamanho já estimado para um objeto interestelar. As observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble reforçam que o cometa é composto por materiais extremamente antigos, formados antes mesmo da criação dos planetas conhecidos.
Segundo previsões da Nasa, o 3I/Atlas voltará a ser visível a telescópios terrestres no início de dezembro e poderá ser observado por sondas próximas a Júpiter em março de 2026. Apesar das especulações de que pudesse ser uma nave alienígena, a comunidade científica é unânime em classificá-lo como um fragmento natural de um sistema distante, ou seja, um mensageiro de eras cósmicas que antecedem a própria história do Sol.



