Fatores explicam por que a economia do Brasil não cresce
Juros altos, baixa produtividade e dívida pública de 81% são apenas alguns dos motivos

A pergunta ecoa no trabalho, nas análises dos economistas e até nas conversas de bar: por que a economia do Brasil não cresce? Crescimento é o que gera empregos, aumenta a renda e tira milhões da pobreza. Quando o crescimento da economia do Brasil não é o suficiente, tudo emperra.
E é exatamente isso que parece acontecer. O país anda como se tivesse um elástico preso à cintura — qualquer avanço logo é puxado de volta.
Nos últimos anos, alguns indicadores deram sinais positivos. O desemprego caiu para níveis historicamente baixos. O número de empregos formais cresceu. A renda média subiu. E a extrema pobreza encolheu.
Mas basta olhar pela janela para perceber que essa melhora parece frágil. Violência, pobreza e falta de serviços básicos continuam marcando o cotidiano.
A realidade bate de frente com as estatísticas e expõe uma contradição: o país avança em números, mas não em qualidade de vida. E quando cresce, cresce pouco e por pouco tempo.
Economia do Brasil mostra um histórico de voos curtos e quedas longas
Esse padrão de crescimento intermitente virou uma marca registrada da economia brasileira. Economistas chamam de “voo de galinha”: o país dá pequenos saltos, mas não consegue sustentá-los. Desde os anos 1980, essa oscilação se repete. Foram 26 anos de crescimento e 14 de crises.
É um número impressionante. Enquanto outros emergentes enfrentaram três ou quatro recessões nesse período – alguns nenhum – o Brasil enfrentou quatorze.
O resultado é que o país ficou para trás. Na última década, o PIB brasileiro avançou em média 1,6% ao ano. É menos que o Chile e a Colômbia, e a metade do ritmo do Peru. No mesmo período, a China cresceu 6,4% e a Índia 7,2% ao ano.
Se o recorte for ainda maior – desde o início dos anos 2000 – o Brasil soma apenas 2,4% de média anual. A comparação com a China é simbólica: em 1960, o PIB per capita brasileiro era quase o triplo do chinês. Hoje os chineses já são mais ricos do que os brasileiros. Isso mostra o tamanho do abismo que se abriu.
Contas públicas desequilibradas e juros sufocantes
As raízes desse atraso são diversas, e uma das principais está nas contas públicas. O governo gasta mais do que arrecada e depende de empréstimos para fechar as contas. Desde 2014, o país entrou num déficit crônico que virou rotina.
Esse buraco empurra os juros para cima. Juros altos encarecem o crédito, que trava os investimentos. Enquanto Chile e México têm dívida pública em torno de 40% do PIB, e a Índia 56%, o Brasil carrega 81,2%. Esse peso sufoca a capacidade de ação do Estado e mina a confiança dos investidores. E sem confiança, o capital foge.
Outro problema está na forma como o Brasil gasta. Só em benefícios fiscais para setores organizados, o país abre mão de 4% do PIB. É mais que os 3% da Argentina e o dobro do Peru e Chile.
A folha de pagamento do funcionalismo também pesa: 10% do PIB, quase o dobro da Índia. Com tantas despesas obrigatórias, sobra pouco para investimento produtivo. A economia fica marcada por baixa poupança, baixo investimento e, por consequência, baixo crescimento.