O que se sabe sobre ofensiva de Israel na Cidade de Gaza
Exército israelense iniciou avanço terrestre para tomar a maior cidade do território palestino, que considera um último bastião do Hamas, em mais uma escalada no conflito que abala o Oriente Médio

O Exército israelense iniciou uma ofensiva terrestre tendo como alvo a Cidade de Gaza, aproximando-se lentamente da maior cidade do território palestino, que já viu quarteirão após quarteirão serem destruídos na guerra entre Israel e o Hamas. Os bombardeios, que já vinham sendo intensificados nas últimas semanas, foram reforçados ainda mais, e moradores foram avisados de que deveriam sair e seguir para o sul.
A ofensiva marca mais uma escalada em um conflito que abala o Oriente Médio, já que qualquer possível cessar-fogo parece ainda mais fora de alcance, apesar de meses de diplomacia. Embora o Exército não tenha oferecido um cronograma para a ofensiva, a mídia israelense sugeriu que poderia levar meses.
Mais cedo, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou que “Gaza está em chamas”, enquanto especialistas independentes contratados pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas acusaram Israel de cometer genocídio no enclave palestino, juntando-se a um crescente coro internacional de vozes fazendo tais acusações.

A comissão acusa o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente do país, Isaac Herzog, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant de “incitarem o genocídio” na Faixa de Gaza e afirma que as autoridades israelenses “não adotaram medidas para punir essa incitação”. Israel rejeitou veementemente a alegação, chamando o relatório dos especialistas de “distorcido e falso”.
A ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza iniciada em outubro de 2023, já matou cerca de 65 mil pessoas, incluindo mais de 19 mil crianças, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao governo do Hamas. Ela teve início após os ataques terroristas do grupo palestino ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que deixaram mais de 1.200 mortos, além de outros 251 reféns.
Tanques no centro da cidade
Durante a noite e a madrugada desta terça, os militares desencadearam um bombardeio massivo na Cidade de Gaza, enquanto as tropas israelenses avançam no maior centro urbano do território. “Ontem à noite, passamos para a próxima fase, a fase principal do plano para a Cidade de Gaza… As forças expandiram a atividade terrestre no principal reduto do Hamas em Gaza, que é a Cidade de Gaza”, disse um oficial militar a jornalistas.
“Estamos avançando em direção ao centro” da Cidade de Gaza, disse ele. Os militares israelense estimaram haver “dois mil a três mil combatentes do Hamas” operando na área, acrescentou.

A emissora de rádio israelense Kan relatou durante a noite que tanques do Exército avançaram pela rua Al Jalaa, no centro da capital do território, enquanto fontes de Gaza informaram que os veículos blindados avançavam e recuavam progressivamente da periferia para ganhar terreno.
“O Exército começou a desmantelar a infraestrutura terrorista na Cidade de Gaza”, anunciou o porta-voz em língua árabe das Forças Armadas israelenses, Avichay Adraee, em um comunicado na rede social X. O porta-voz garantiu que Gaza é uma “área de combate perigosa” e alertou sua população: “Permanecer na cidade os coloca em risco”.
“Iniciamos uma poderosa operação na Cidade de Gaza”, anunciou, por sua vez, Netanyahu, antes do início da sessão desta terça-feira de seu julgamento por corrupção, segundo informou o jornal Yedioth Ahronot.
“Não sei quantos dias vamos aguentar. A situação aqui é catastrófica. Podemos morrer a qualquer momento”, disse à agência de notícias EFE um funcionário do Ministério da Saúde de Gaza, também refugiado na capital da Faixa de Gaza.
Junto com o movimento dos tanques, Israel intensificou os bombardeios, usando mísseis, drones, fogo de artilharia e disparos de helicópteros.
Pelo menos 41 pessoas morreram na Faixa após a noite de ataques israelenses, que também se intensificaram no centro do território, matando quatro palestinos. Somente na capital, o Exército israelense matou 37 pessoas.