Geral

Cientistas propõem estratégias para preservar Foz do Amazonas em meio à exploração de petróleo

Grupo de trabalho reuniu 19 especialistas para sugerir medidas de conservação para a região, como a criação de um mosaico de áreas de proteção ambiental

Na última década, Guiana e Suriname ganharam muito dinheiro com exploração de petróleo. Foi esse sucesso dos países vizinhos que motivou alguns estudos sísmicos na Foz do Amazonas, que indicam que a região pode ter viabilidade comercial para explorar óleo e gás. Em junho, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) abriu 47 novos blocos de exploração para oferta na região, e alguns já foram arrematados por empresas como Petrobras, ExxonMobil e Chevron.

O problema é que a região em que o rio Amazonas deságua no oceano Atlântico está cheia de áreas prioritárias para a biodiversidade, zonas de conservação que poderiam ser muito afetadas direta e indiretamente pelos esforços para encontrar petróleo na costa norte do país. Ali fica a maior floresta contínua de manguezais do mundo, vários recifes e os habitats de diversas espécies ameaçadas – além daquelas que a ciência ainda nem conhece.

A necessidade de criar e implementar áreas protegidas na região, especialmente na costa, “torna-se urgente diante da possibilidade de exploração de energia em um ecossistema ainda praticamente intocado e, em grande parte, desconhecido”. É isso que dizem cientistas que participaram de um grupo de trabalho para propor estratégias sustentáveis para a conservação da Foz do Amazonas.

O GT da Foz do Amazonas foi organizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), e desenvolveu um documento com ideias para preservar ao máximo a biodiversidade da região, mesmo que a exploração de petróleo acabe acontecendo (como tudo indica que vai). O trabalho dos cientistas foi entregue para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) no último dia 20 de agosto.

Esse relatório reúne as vozes de cientistas, lideranças tradicionais, gestores públicos e ativistas da sociedade civil do Amapá, Maranhão, Pará e de São Paulo, e propõe a criação de um mosaico de áreas protegidas marinhas, que conservaria as regiões mais ameaçadas e instituiria diretrizes para as áreas de desenvolvimento sustentável, onde poderia ocorrer a extração de petróleo.

São 18 propostas ao total, que surgiram a partir de um ano de debates com especialistas em diferentes áreas e pretendem integrar a conservação do ecossistema ao desenvolvimento sustentável e justo da região, envolvendo as populações tradicionais na gestão de áreas protegidas. O documento chega em um momento importante para o debate ambiental na região Norte, no Brasil e no mundo, já que Belém, , no Pará, vai sediar a COP30 em novembro.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo