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Como o Flamengo reafirmou a sua grandeza no futebol brasileiro

Houve um tempo em que Inter, Grêmio, Flamengo, Palmeiras e mais meia dúzia de clubes brigavam pelo título em condições relativamente equilibradas. O favoritismo eventual era fruto de erros ou acertos na montagem dos elencos ou na gestão esportiva, mas não decorria de uma diferença abissal de receitas.

Com o tempo, porém, alguns clubes fizeram o dever de casa e dispararam na frente. É o caso de Palmeiras e Flamengo, que se transformaram nos papa-títulos do Brasil, além de outros, como Bahia, Atlético-MG e Botafogo, que emergiram para uma nova realidade, cada um por seus próprios caminhos.

Flamengo

O clube carioca acumulava uma dívida superior a R$ 700 milhões em 2012, contra uma receita de cerca de R$ 200 milhões. Ou seja, devia quase quatro vezes o que arrecadava por ano, uma situação ainda mais crítica do que enfrentam hoje Grêmio e Inter. A virada começou com a gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello, que passou a priorizar o pagamento das dívidas, a redução de gastos e o aumento de receitas.

Quando assumiu, não havia clareza sequer sobre o tamanho exato da dívida rubro-negra. Foi preciso contratar uma auditoria da Ernst & Young para mapear a real situação. O Flamengo não tinha credibilidade no mercado, seja com jogadores, técnicos, bancos, fornecedores ou outros clubes.

Entre 2013 e 2015, principalmente, o Flamengo se concentrou em sanear as contas, pagando dívidas e mantendo os investimentos esportivos sob controle. Ainda assim, venceu a Copa do Brasil em 2013. Foi a única grande conquista do período. Por outro lado, também flertou com a segunda divisão.

A partir de 2016, com a situação financeira estabilizada, começou a investir um pouco mais, contratando nomes como Diego e Everton Ribeiro, sem abrir mão da austeridade. O crescimento foi gradual, mas constante, e culminou em 2019, quando o clube passou a ter fôlego para investimentos maiores. Então, alçou voos muito mais altos.

Foi identificado um objetivo, que era salvar o Flamengo, e ficou claro quais renúncias seriam necessárias. Futebol se faz com dinheiro, e nossa primeira missão foi garantir que houvesse dinheiro para investir. Não foi fácil. Fomos acusados de pensar só em finanças e não entender de futebol, mas sabíamos onde queríamos chegar”, relembra o executivo Fred Luz, que começou como diretor de marketing e foi promovido a CEO em 2014, permanecendo até 2018, quando o trabalho de reestruturação estava praticamente finalizado.

Hoje, além de títulos, o Flamengo apresenta superávits constantes e não tem mais dívidas relevantes. Ao contrário: passou a ter receita financeira.

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