Irã x Israel: como começou e evoluiu o conflito no Oriente Médio na última semana
Apoiado pelos EUA, Israel quer conter avanço do programa nuclear iraniano; Teerã prometeu retaliações severas e mantém bombardeios

Uma semana após o início do conflito entre Israel e Irã, o número de mortos já passa de 660 e há mais de 2.400 feridos, de acordo com dados da Anistia Internacional e de um grupo de direitos humanos com sede nos Estados Unidos.
A escalada começou na madrugada de sexta-feira (13), quando Israel lançou uma ofensiva aérea contra alvos estratégicos no território iraniano. Desde então, os países mantêm uma troca constante de ataques com mísseis e drones, além de ações cibernéticas.
Sexta-feira (13) – Primeiras horas do conflito
Na madrugada de sexta-feira, Israel lançou a “Operação Leão em Ascensão” no Irã, que envolveu 200 caças e mais de 330 munições balísticas. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), mais de 100 alvos foram atingidos em todo o território iraniano, sobretudo nos arredores de Teerã, capital do regime.
Os ataques miraram diretamente as principais instalações nucleares do Irã, ativos militares e líderes de alto escalão. A instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, uma das mais importantes do programa nuclear iraniano, foi alvo de bombardeios. Apesar da gravidade do ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que não foi detectado aumento nos níveis de radiação.
“Durante anos, o regime iraniano vem travando uma campanha direta e indireta de terror contra o Estado de Israel, financiando e direcionando atividades terroristas por meio de seus representantes em todo o Oriente Médio, enquanto avança para a obtenção de uma arma nuclear”, disse Israel em comunicado no dia do ataque.
Entre os alvos também estavam cientistas nucleares e membros da cúpula militar do país. Pelo menos 20 comandantes militares iranianos foram mortos, incluindo o chefe das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami.
Em resposta imediata, o Irã disparou mais de 100 drones contra Israel, segundo o exército israelense. Vários prédios foram atingidos, incluindo um bloco de apartamentos em um bairro residencial da cidade de Ramat Gan.
Explosões também foram registradas em Tel Aviv e Jerusalém. Imagens mostraram mísseis iranianos furando o sistema de defesa aérea israelense.
Israel afirmou ter interceptado a maior parte do ataque. Os Estados Unidos também atuaram para abater mísseis iranianos, mas negaram envolvimento no bombardeio contra o Irã.
No mesmo dia, Israel decretou estado de emergência, fechou escolas, proibiu aglomerações e desaconselhou o funcionamento de atividades não essenciais. A medida, inicialmente válida até o fim de junho, incluiu ainda o fechamento do espaço aéreo de Israel, Irã e Jordânia.
O primeiro balanço das autoridades dos dois países indicou que 78 pessoas morreram e 320 ficaram feridas no Irã. Do lado israelense, 44 ficaram feridas.
Sábado (14) – Escalada rápida e envolvimento dos EUA
Na madrugada de sábado, Israel lançou uma nova onda de bombardeios, atingindo 150 alvos no Irã. A ofensiva manteve como foco instalações militares e setores ligados ao programa nuclear iraniano.
Os Estados Unidos entraram no conflito de forma indireta, utilizando seu aparato militar para interceptar parte dos mísseis e drones disparados por Teerã contra Israel. O governo iraniano, em resposta, ameaçou atacar ativos americanos, britânicos e franceses na região, caso os países continuassem apoiando os israelenses na defesa e interceptação dos mísseis.
Durante a noite, o Irã intensificou sua reação, disparando uma série de mísseis balísticos que atingiram diversas cidades israelenses, incluindo Tel Aviv e Jerusalém. Parte dos ataques danificou edifícios civis.
As autoridades israelenses afirmaram que 3 pessoas morreram e outras 174 ficaram feridas em 17 ataques iranianos realizados em todo o país.
Domingo (15) – Baixas na cúpula iraniana e veto americano
A madrugada de domingo foi marcada por uma das maiores ofensivas israelenses desde o início do conflito. Bombardeios atingiram a sede do Ministério da Defesa iraniano em Teerã, além de outros alvos estratégicos na capital.
Aliados do Irã na região também passaram a atuar diretamente. O grupo Houthi, do Iêmen, reivindicou ataques com mísseis balísticos contra Jaffa, no centro de Israel.
Em resposta, Israel lançou mais uma série de bombardeios contra Teerã e outras bases militares iranianas. Durante o dia, o governo iraniano confirmou a morte do chefe e do vice de inteligência da Guarda Revolucionária do país.
Fontes do governo americano revelaram que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vetou um plano israelense que previa o assassinato do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Apesar do veto, Washington manteve seu apoio logístico e defensivo a Israel.
Em Israel, Tel Aviv foi atingida pela primeira vez durante a luz do dia. A cidade sofreu um segundo ataque à noite.
Segunda-feira (16) – Israel declara controle aéreo sobre o Irã
No quarto dia de conflito, Israel anunciou que destruiu cerca de um terço dos lançadores de mísseis do Irã. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o país controla o espaço aéreo iraniano.
No início da noite, sirenes de alerta soaram no norte de Israel após a detecção de novos mísseis disparados do território iraniano. As autoridades orientaram que a população buscasse abrigo. Pouco tempo depois, o exército informou que o risco imediato havia sido neutralizado.
Ainda na segunda, militares iranianos atingiram infraestruturas de energia de Israel em Haifa. Três pessoas morreram, e uma usina ficou gravemente danificada.
Apesar da contenção de alguns mísseis, a tensão permaneceu elevada. O governo israelense manteve sua estratégia de bombardear alvos ligados às Forças Armadas iranianas, incluindo depósitos de armas e instalações de lançamento de mísseis.
Um ataque de Israel também atingiu a TV estatal do Irã enquanto a emissora fazia uma transmissão ao vivo.
Terça-feira (17) – Explosões em Teerã e tensão diplomática
Na madrugada de terça-feira, foram registradas explosões em Teerã e na cidade de Natanz, onde ficam as principais instalações nucleares do país. Bombardeios também foram reportados em outras regiões do território iraniano.
Em Israel, sirenes voltaram a soar em Tel Aviv após a meia-noite. Autoridades locais confirmaram novos ataques iranianos contra alvos civis e militares.
Diante da escalada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou antecipadamente a reunião do G7 no Canadá e retornou a Washington para uma reunião de emergência com seu Conselho de Segurança Nacional.
Fontes iranianas indicaram que Teerã estaria disposto a negociar um acordo nuclear caso Israel interrompesse os ataques. O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, declarou que “os próximos passos seriam decisivos” e reforçou que, na ausência de uma trégua, “as respostas continuarão”.
Trump respondeu dizendo que o Irã havia rejeitado um acordo para limitar seu programa nuclear. Ele também afirmou que Teerã precisava ser “evacuada imediatamente”.
No campo da inteligência, o Irã acusou Israel de ter lançado uma “guerra cibernética generalizada” contra sua infraestrutura digital, com o objetivo de interromper serviços no país.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, Abdolrahim Mousavi, publicou um vídeo na televisão estatal pedindo aos moradores de Tel Aviv e Haifa que abandonassem as cidades devido à possibilidade de “ataques punitivos”.
A Guarda Revolucionária do Irã também reivindicou um ataque contra o centro do serviço de inteligência israelense Mossad, em Tel Aviv.
Quarta-feira (18) – Ameaças de Trump e fortes bombardeios
No sexto dia de conflito, Donald Trump endureceu o tom contra o Irã. Em uma publicação no Truth Social, afirmou que sabia “exatamente onde o chamado Líder Supremo está se escondendo” e acrescentou que não ia eliminá-lo, “pelo menos, por enquanto”. Pouco depois, Trump escreveu: “Rendição incondicional”.
O governo dos EUA ainda autorizou o envio de mais aeronaves de combate para o Oriente Médio e prorrogou a permanência de caças que já estavam na região. Ao todo, cerca de 40 mil soldados norte-americanos estão baseados no Oriente Médio, em diferentes frentes. Apesar disso, Trump disse que ainda não havia decidido se o país entraria diretamente no conflito.
Segundo publicação do jornal The Wall Street Journal na quarta-feira, o presidente aprovou um plano de ataque contra o Irã, mas ainda não tomou uma decisão final.
Em resposta, o aiatolá Ali Khamenei afirmou que o Irã não iria se render e ameaçou diretamente os Estados Unidos. “Qualquer ataque americano terá consequências sérias e irreparáveis”, declarou.
O Irã também limitou o acesso à internet e teve o sinal da TV estatal hackeado, exibindo conteúdos contra o regime. Milhares de pessoas tentaram deixar Teerã, gerando congestionamentos nas principais rodovias da capital.
Israel respondeu com uma série de bombardeios, atingindo 20 alvos iranianos durante a madrugada, incluindo fábricas de mísseis e centros militares.
Quinta-feira (19) – Hospital bombardeado e risco de escalada total
O sétimo dia de conflito foi marcado pelo ataque mais grave contra uma instalação civil israelense desde o início da guerra. Um míssil balístico iraniano atingiu o Hospital Soroka, o principal do sul de Israel, na manhã desta quinta-feira. Ao menos 47 pessoas ficaram feridas.
Outro míssil atingiu prédios residenciais na região metropolitana de Tel Aviv, deixando mais 40 feridos, segundo o serviço de resgate israelense.
O Irã afirmou que o ataque ao hospital mirava um “centro de inteligência” israelense localizado nas proximidades. A justificativa foi rejeitada pelo governo israelense, que classificou o ataque como uma violação grave das leis internacionais.
Em resposta, Israel bombardeou o reator de água pesada de Arak, ligado ao programa nuclear iraniano. A Agência Internacional de Energia Atômica informou que não houve vazamento de radiação até o momento.
O ataque ao hospital fez a liderança israelense subir ainda mais o tom. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que “esse homem absolutamente não deve continuar a existir”, referindo-se ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que Israel continuará sua ofensiva até eliminar completamente as capacidades nucleares e de mísseis do Irã.