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Papa alerta que dignidade humana corre risco de ser esquecida

O Papa expressou sua esperança de que “cada comunidade se torne uma ‘casa de paz’, onde se aprende a neutralizar a hostilidade através do diálogo, onde se pratica a justiça e se salvaguarda o perdão”.

O papa Leão XIV recebeu nesta terça-feira (17), no Vaticano, os bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e destacou a centralidade da fé, a missão da paz e o compromisso com a dignidade humana como fundamentos do serviço episcopal.

Durante a audiência, por ocasião da 80ª Assembleia Geral Extraordinária da CEI, Robert Prevost alertou sobre os impactos antropológicos das novas tecnologias e da cultura digital, enfatizando que “a dignidade humana corre o risco de ser nivelada ou esquecida, substituída por funções, automatismos, simulações”.

“Há desafios que colocam em questão o respeito pela dignidade da pessoa humana. A inteligência artificial, a biotecnologia, a economia de dados e as mídias sociais estão transformando profundamente nossa percepção e experiência de vida”, afirmou.

Leão XIV lembrou, porém, que “a pessoa não é um sistema de algoritmos: ela é uma criatura, uma relação, um mistério”. Além disso, defendeu uma reflexão ética e pastoral que integre a antropologia cristã, para que a fé continue a ser encarnada e a Igreja, verdadeiramente humana.

Entre os apelos de seu discurso também esteve o chamado à paz. O Santo Padre reforçou que a Igreja não pode deixar de ser, em cada território, espaço de reconciliação, “casa da paz” onde se aprende a desarmar hostilidades e cultivar justiça e perdão”.

De acordo com o religioso, é necessário “tornar-se artesãos da paz nos lugares da vida cotidiana”, como “nas paróquias, nos bairros, nas áreas internas do país, nas periferias urbanas e existenciais”.

Para Prevost, “onde as relações humanas e sociais se tornam difíceis e o conflito se concretiza, talvez de forma sutil, uma Igreja capaz de reconciliação deve se tornar visível. Espero, portanto, que cada diocese possa promover cursos de educação para a não violência, iniciativas de mediação em conflitos locais, projetos de acolhimento que transformem o medo do outro em oportunidade de encontro”, disse.

O Papa expressou sua esperança de que “cada comunidade se torne uma ‘casa de paz’, onde se aprende a neutralizar a hostilidade através do diálogo, onde se pratica a justiça e se salvaguarda o perdão”.

Segundo ele, “a paz não é uma utopia espiritual: é um caminho humilde, feito de gestos cotidianos, que entrelaça paciência e coragem, escuta e ação. E que hoje, mais do que nunca, exige a nossa presença vigilante e geradora”.

Durante seu discurso, Leão XIV também lembrou que a comunidade cristã na Itália “há muito tempo enfrenta novos desafios, ligados ao secularismo, a uma certa insatisfação com a fé e à crise demográfica”.

Desta forma, destacou a importância de “uma cooperação saudável com as autoridades civis”, destacando que “a CEI é, de fato, um espaço de discussão e síntese do pensamento dos bispos sobre as questões mais relevantes para o bem comum” e, “quando necessário, orienta e coordena as relações de cada bispo e das conferências episcopais regionais com essas autoridades em nível local”.

Por fim, o primeiro Pontífice norte-americano apelou para todos os bispos italianos olharem “para o amanhã com serenidade” e não ter “medo de escolhas corajosas”, porque “ninguém pode impedi-los de estar próximos das pessoas, de compartilhar a vida, de caminhar com os últimos, de servir os pobres”.

Em seguida, recomendou que seja dada atenção aos leigos católicos: “Cuidem para que os fiéis leigos, nutridos pela Palavra de Deus e formados na doutrina social da Igreja, sejam protagonistas da evangelização no mundo do trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos ambientes sociais e culturais, na economia, na política”. (ANSA).

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