Por que os brasileiros estão se endividando? Pesquisa revela os principais motivos

Apesar de o desemprego estar em queda, o número de famílias com endividamento no Brasil alcançou o maior nível já registrado em 2025. Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que o problema vai além da renda: descontrole financeiro, consumo impulsivo e aumento dos preços têm levado milhões de brasileiros à inadimplência.
Principais causas da inadimplência
De acordo com a pesquisa, 19% dos entrevistados afirmaram ter se endividado por conta de imprevistos, como problemas de saúde, falecimentos e despesas com casa e carro. A falta de controle financeiro foi apontada por 17% dos inadimplentes. Outros 15% citaram a queda na renda familiar e 14% responsabilizaram o aumento nos preços de produtos e serviços.
Esses dados revelam que, mesmo com mais brasileiros empregados, o poder de compra continua comprometido, e o planejamento financeiro ainda é um desafio para muitas famílias.
Contas mais comuns em atraso
O cartão de crédito lidera como principal fonte de dívidas atrasadas, citado por 15% dos entrevistados. Em seguida, aparecem contas de água e luz (10%), cheque especial (9%), empréstimos em bancos ou financeiras (9%) e contas de telefone (8%).
Entre os negativados, os percentuais sobem: cartão de crédito (23%), empréstimos (16%), crediário (12%) e contas básicas como água e luz (9%) figuram entre as mais recorrentes.

Influência do consumo e das redes sociais
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o consumo exacerbado influenciado pelas redes sociais é um dos fatores que agravam o problema. “O consumidor muitas vezes compra no impulso e depois não consegue honrar com os pagamentos”, afirma. Ele também destaca os juros altos como uma das barreiras para a regularização das dívidas.
O perfil do consumidor inadimplente
A pesquisa mostra que, entre os inadimplentes, 43% admitiram ter aproveitado promoções sem considerar o impacto no orçamento. Outros 23% disseram que compraram algo que desejavam muito, mesmo sem condições imediatas de pagamento. Além disso, 19% confessaram ter gasto como forma de compensar problemas emocionais.
Nos últimos três meses, quase metade (47%) dos entrevistados disse ter feito compras sabendo que seria difícil pagá-las. E 39% sequer avaliaram se conseguiriam quitar os compromissos antes de adquirir um produto ou serviço.

Prioridades de pagamento
Curiosamente, a internet aparece como a prioridade de pagamento para 73% dos entrevistados. Em seguida, estão água e luz (68%), telefone (65%), TV por assinatura (59%) e plano de saúde (48%). O dado mostra a relevância da conectividade no dia a dia das famílias.
Por outro lado, os gastos no crédito sem pagamento estão concentrados em itens básicos: supermercado (52%), roupas e calçados (36%), medicamentos (34%), eletrodomésticos (24%) e combustível (22%).
Quitar dívidas ou pagar contas básicas?
A pesquisa mostra que 77% dos inadimplentes acreditam que, ao quitar as dívidas, terão de deixar de pagar contas básicas como água e luz. Para metade dos entrevistados, o maior medo é ter o nome negativado.
Ainda assim, 84% afirmam que pretendem pagar suas dívidas nos próximos três meses. Destes, 51% planejam quitar tudo, enquanto 23% querem pagar parcialmente. No entanto, 16% não veem chance de regularizar a situação nesse período.
O valor médio das dívidas é de R$ 2.444, sendo que 21% possuem débitos entre R$ 2.500 e R$ 7.500. Outros 14% têm entre R$ 500 e R$ 1.000.
Dívidas consomem boa parte da renda
Para 26% dos entrevistados, as dívidas comprometem entre 50% e 75% de toda a renda mensal. Outros 22% apontam que os débitos consomem de 25% a 50% dos ganhos, enquanto 20% afirmam que os compromissos financeiros ocupam até 25% de seus rendimentos.
Como os brasileiros pretendem quitar as dívidas

Entre os que pretendem se regularizar, 33% planejam cortar gastos no orçamento. Outros 27% devem negociar parcelamentos com credores, 25% vão fazer “bicos” para gerar renda extra e 23% usarão comissões, bônus ou férias.
Os principais cortes de gastos previstos estão no lazer (50%), alimentação fora de casa (49%), vestuário (43%), produtos de beleza (34%) e salão de beleza (30%).
Obstáculos enfrentados pelos inadimplentes
Os maiores desafios para quitar as dívidas incluem renunciar a produtos não essenciais (20%), não ter de onde tirar dinheiro (20%) e queda da renda (19%). Além disso, 18% afirmaram que deixar de comprar itens essenciais para a família é o principal obstáculo.
Consequências do não pagamento
As principais consequências citadas pelos entrevistados são: negativação do nome (51%), juros altos (35%) e perda de crédito em lojas e bancos (31%). Quase metade (45%) se sente pressionada a gastar mais com amigos e família, e 39% dizem que as redes sociais os levam a comprar impulsivamente.