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Deputados querem impeachment de Lula por pedalada com Pé de Meia

Por enquanto, o caso da pedalada no Pé de Meia serve mais como uma peça nesse jogo político do que como um passo real rumo ao impeachment

Por Madeleine Lacsko

Impeachment de Lula? Não vai acontecer. Podem tirar o cavalinho da chuva. O ex-presidente mais vezes eleito na história do Brasil é praticamente intocável. Para dar um exemplo exagerado – e absurdo, claro –, se Lula resolvesse matar um bebê em rede nacional, nada aconteceria. E haveria não apenas influenciadores capachos, mas também a imprensa amiga para justificar e dizer o famoso “entenda por que isso é bom”.

Mas voltemos ao real. Lula não é um presidente qualquer. Ele é uma figura política histórica e populista, que já sobreviveu à prisão por corrupção e à reviravolta jurídica que o transformou de condenado em elegível. Mesmo diante de provas que foram validadas por diversas instâncias, o cenário mudou, ele foi tirado da cadeia para ser alçado à presidência.

O PT, que sempre sonhou com regulação da mídia, hoje se volta para as redes sociais, tentando regular o discurso de seus críticos. E agora, a oposição vê nessa fragilidade uma oportunidade.

A bola da vez é o caso da pedalada no programa Pé de Meia, um exemplo emblemático do roteiro surreal que é o Brasil. Pedalada com Pé de Meia é piada pronta. O Tribunal de Contas da União identificou irregularidades no programa e decidiu suspendê-lo. O plenário foi unânime, e agora há um período de recurso para o governo tentar regularizar a situação. A oposição não perdeu tempo: sessenta deputados já se articulam para apresentar um pedido de impeachment assim que o recesso terminar.

O que isso significa? Basicamente, que o governo está fraco. Como um tubarão sentindo cheiro de sangue na água, a oposição percebeu a fragilidade e está atacando. Mas sejamos claros: impeachment não é uma questão puramente jurídica. É um julgamento político. E isso muda tudo.

Veja os exemplos de Fernando Collor e Dilma Rousseff. Collor foi inocentado na justiça de todas as acusações que levaram ao seu impeachment, mas isso não o trouxe de volta à presidência. Já Dilma passou por um processo político que resultou na perda do mandato, mas manteve seus direitos políticos. Isso ilustra que impeachment é sobre o jogo político, não apenas sobre a letra da lei.

No caso atual, o pedido de impeachment de Lula reflete mais a fraqueza do governo do que qualquer real chance de ele perder o mandato. O governo Lula, até agora, parece incapaz de começar a governar. Passou dois anos no palanque, prometendo e prometendo, mas, na prática, não entregou. A comunicação, que deveria ser uma ferramenta para explicar ações e conquistas, está vazia porque não há o que comunicar.

A oposição, por sua vez, aproveita o momento. É fácil entender a lógica: um governo que confunde comunicação com propaganda, que tenta regular a voz de seus críticos e que enfrenta crises internas constantes está longe de ser forte. No entanto, é importante lembrar que impeachment não depende apenas da fraqueza do governo, mas também da força da oposição em articular apoio político.

Por enquanto, o caso da pedalada no Pé de Meia serve mais como uma peça nesse jogo político do que como um passo real rumo ao impeachment. E, para quem assiste ao espetáculo, fica a pergunta: que tipo de ficção irá competir com a nossa realidade?

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