Soldados de Kim Jong-un revelam ‘lavagem cerebral’ realizada pela Coreia do Norte
Captura de soldados expõe detalhes sobre como homens do ditador norte-coreano estão encarando a guerra da Ucrânia
A captura de dois soldados norte-coreanos que lutavam ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia, em 9 de janeiro, tem se mostrado um momento revelador para o conflito que já se estende há quase três anos.
A princípio, o episódio serviu para Kiev alegar que Pyongyang estava envolvida na guerra. O Serviço de Segurança da Ucrânia chamou o caso de uma “evidência irrefutável da participação da Coreia do Norte” no conflito. Agora, o caso expõe detalhes sobre como os homens de Kim Jong-Un estão encarando o combate.
Em entrevista ao jornal britânico The Observer, Vadym Skybytskyi, vice-chefe da Inteligência de Defesa da Ucrânia (HUR), disse que os norte-coreanos não têm se abalado com as baixas, que já somam 300 mortos e 2.700 feridos, segundo o Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul.
Segundo Skybytskyi, os soldados da Coreia do Norte são tão “ávidos e ideologicamente motivados” que preferem se explodir para evitar a captura. Um iPad recuperado de um soldado norte-coreano morto continha 67 gigabytes de propaganda nesse sentido, de acordo com o agente ucraniano.
Um ex-soldado norte-coreano disse à agência de notícias Reuters que “autodetonação e suicídios” são uma realidade no país. “Esses soldados que saíram de casa para lutar lá sofreram uma lavagem cerebral e estão realmente prontos para se sacrificar por Kim Jong- un”.
Kim tem 32 anos e desertou para a Coreia do Sul em 2022. De acordo com ele, ser capturado e retornar a Pyongyang é, para os soldados, um destino pior que a morte. “Tornar-se um prisioneiro de guerra significa traição. Ser capturado significa que você é um traidor”, disse à Reuters.