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Como região chamada “porta das lágrimas” ameaça paz do Oriente Médio?

Estreito de Bab al-Mandeb é alvo dos terroristas Houthis e estratégico para Israel

Localizado entre a ponta sudoeste da Península Arábica e o Chifre da África, o estreito de Bab al-Mandeb é um ponto chave para o controle da navegação entre o Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo. Estima-se que 1/4 das mercadorias do mundo são transportadas pelo estreito, incluindo suprimentos energéticos extraídos no Golfo Pérsico e vendidos à Europa.

Com 115 km de extensão, o estreito não abriga apenas grandes embarcações e navios cargueiros. Historicamente, Bab el-Mandeb é palco de muitos perigos, desde fortes correntes marítimas à pirataria e conflitos bélicos. Não é por acaso que o nome Bab el-Mandeb signifique “porta das lágrimas” em árabe.

O nome é uma referência clara às instabilidades da região, que hoje presencia ataques de terroristas Houthis do Iêmen contra navios de vários países. Em resposta, os EUA bombardeiam várias áreas controladas pelos Houthis, grupo que luta para vencer a guerra civil em curso no Iêmen.

O grupo, que adota o slogan “Deus é grande. Morte aos Estados Unidos. Morte a Israel. Maldição aos judeus e vitória para o Islã”, surgiu na década de 1990, quando seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o “Believing Youth” (Juventude Crente), um movimento de reavivamento religioso de uma subseção secular do Islã xiita chamada Zaidismo.

Os zaidis governaram o Iêmen durante séculos, mas foram marginalizados pelo regime sunita que chegou ao poder após a guerra civil de 1962. O movimento de al-Houthi foi fundado para representar os zaidis e resistir ao sunismo radical. Os seguidores da corrente ficaram conhecidos como Houthis.

Quem são os Houthis

O grupo compõe o “eixo da resistência” liderado pelo Irã contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral. O governo iraniano apoia os Houthis há anos, replicando seus esforços nas últimas três décadas para construir outras milícias, incluindo o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano.

TOPSHOT – A handout picture obtained from Yemen’s Huthi Ansarullah Media Center show a huge column of fire erupting following reported strikes in the Yemeni rebel-held port city of Hodeida opn July 20, 2024. A series of strikes targeted Hodeida on July 20, said an AFP correspondent and Huthi-run media, which reported a fuel depot in the port had been hit. (Photo by ANSARULLAH MEDIA CENTRE / AFP) (Photo by -/ANSARULLAH MEDIA CENTRE/AFP via Getty Images)

O apoio à causa palestina e a hostilidade em relação a Israel há muito tempo são os pilares da narrativa Houthi. “Embora a ameaça do Hamas ainda persista, a principal ameaça para Israel atualmente é atribuída ao Iêmen, com os Houthis. No que diz respeito a mísseis e drones, trata-se de uma ameaça complexa, devido à distância”, analisa Monique Sochaczewski, professora da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e especialista em Oriente Médio.

Segundo Monique, o Irã, inicialmente, exercia grande influência sobre os Houthis, atuando como uma espécie de “pai” estratégico. Atualmente, a relação evoluiu para algo mais equilibrado, com os Houthis ganhando autonomia e se posicionando como um ator regional relevante. Além de ameaças a Israel, os Houthis têm impactado a navegação internacional e, ocasionalmente, colaborado com grupos como Al-Qaeda e Al-Shabaab para ampliar seu alcance e poder estratégico.

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