“2023 já acabou”, garantiu Artur Jorge sentado na sala de coletivas na tarde prévia ao jogo mais importante do Brasileirão. O português repetiu frases naquela linha durante toda a entrevista. Mas ele fez mais do que apenas falar: ele foi a São Paulo e calou o Allianz Parque.
Quando tal coletiva foi comunicada, a pergunta que pairava era: por que o Botafogo sentiu necessidade de falar nesse momento? Seria mais um sinal de fragilidade do que um recado de força? As dúvidas duraram 18 minutos até Gregore chutá-las para dentro do gol de Weverton.
Bem postado, o Botafogo mostrou que não cederia à pressão das arquibancadas. Não mais. Quando Savarino tocou na saída do goleiro palmeirense, o relógio já marcava 27 da segunda etapa, quase uma hora com apenas um gol à frente até ampliar.
O silêncio pairava no Allianz. O torcedor palmeirense se desentendia nas arquibancadas, criticando ou defendendo o treinador. O Botafogo, sem se importar com o que causava ao rival, aumentou o marcador com mais uma história bonita de se contar: a de Adryelson.
De expulso no confronto direto entre as equipes em 2023 e vendido ao Lyon (FRA), o defensor voltou como reserva, mas precisou entrar na vaga de um lesionado Bastos. Já perto do fim, subiu mais alto que a defesa e colocou o terceiro gol no marcador. A redenção de uma estrela que não foi nada solitária: até John atravessou o campo para abraçar o defensor.
O gol nos acréscimos, que tanto castigou o clube no último ano, não foi capaz de apagar a noite gigante do Botafogo. Pelo contrário: se tornou mais um elemento para ser exorcizado junto com o fantasma da última temporada em busca de dois títulos em uma semana. Afinal, Artur Jorge declarou: “2023 acabou”. E é bom que não se duvide disso.