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Xingado na derrota para o Peñarol, Tite sente a rejeição da torcida do Flamengo

O coro foi pesado. Quase 65 mil pessoas no Maracanã não perdoaram o péssimo futebol do Flamengo. Perceberam que o responsável tinha nome: Tite. E o mesmo palavrão foi usado no intervalo e no final da derrota por 1 a 0 para o Peñarol. ‘Ei Tite, vá tomar no...”

Abatido, Tite não teve como disfarçar o óbvio. Ele ouviu muito bem o coro de palavrão no intervalo. E ao final do jogo: “Ei, Tite… Vá tomar no ….”

“Claro que dói no lado humano, mas o lado da experiência também mostra que, quando você produz bem, as reações do torcedor são compatíveis com o amor ao clube. Eu respeito muito isso, até porque vivenciei bastante. Tenho, sim, respeito quando a torcida me critica ou me vaia”, dizia o treinador, sem poder usar nenhuma frase dúbia como escudo, como adora fazer.

Ontem, não. A humilhação foi evidente demais. A raiva da torcida do Flamengo pelos péssimos times montados por ele.

A um mês de completar um ano no cargo, não conseguiu organizar uma equipe vibrante, letal, que encurrale o adversário, preenchendo os espaços, trocando passes, encantando a todos. Está cada vez mais claro que as características são incompatíveis.

Tite é especialista em times que são atacantes, que vive à base de contragolpes. Em raros momentos, na sua longa carreira, conseguiu atacar.

O mais marcante foi nas eliminatórias para a Copa de 2018, quando enfrentou adversários muito mais fracos.

No Maracanã, ontem à noite, quase 65 mil flamenguistas mostraram o quanto estão cansados do treinador. A partida era importantíssima, a primeira das quartas da Libertadores. A vitória diante do Peñarol, mergulhado em problemas financeiros, era mais que obrigatória.

Mas tudo já começou errado, com o técnico tirando o melhor jogador das últimas partidas.

Léo Ortiz deixou o meio-campo e entrou no seu lugar o apenas esforçado Pulgar. E quando o tirou, Tite colocou Alcaraz. Outro erro descabido.

Também apostou em Alex Sandro, deixando de lado o veloz e ofensivo Ayrton Lucas.

O Flamengo mal postado em campo confundia velocidade com afobação. Time espaçado, oferecendo contragolpes, setores distantes. Apelando para troca de passes inúteis, para o lado. Foram nada menos do que 525 ou cruzamentos desesperados.

Diego Aguirre, que está longe de ser um gênio, montou o Peñarol no 4-1-4-1 e travou o time carioca. Em um contra-ataque, Maximiliano Silvera marcou, aos 12 minutos do primeiro tempo.

O gol desmanchou a consciência tática, tirou a confiança do Flamengo. E refletiu na torcida, que viu uma equipe perdida em campo. Deu pena de Arrascaeta e De La Cruz travados nas intermediárias. Gonzalo Plata e Bruno Henrique viveram de cruzamentos, já que os meias não conseguiam articular.

Não foi difícil para os uruguaios conseguirem manter a vantagem importantíssima para Montevidéu.

O Flamengo não vence uma partida fora do Brasil, na Libertadores, desde 2022.

Grande oportunidade de quebrar essa escrita. É histórico, não é assim? Temos totais condições de chegar lá e fazer. Foi um jogo de efetividade. Com dois minutos ou três faz o gol, e você trabalha em cima do resultado. Fomos afoitos em alguns momentos, precipitamos em outros, e o goleiro teve felicidade também. Vai criar metade das oportunidades que criou hoje e vai fazer gol lá. Me cobra depois”, provocava Tite, tentando descontrair o clima da entrevista coletiva, que estava pesadíssimo.

A direção rubro-negra está assustada com o fraco rendimento do caríssimo elenco. A instabilidade e a falta de repertório do time são notórias.

Tite está longe de ser o treinador que o presidente Rodolfo Landim esperava. O dirigente precisava que o Flamengo estivesse bem melhor do que está.

Em novembro irão acontecer as eleições no clube. O fraco futebol do time é péssimo para a situação.

Tite tem contrato só até o final deste ano. No Brasileiro, o Flamengo é sexto colocado, a oito pontos do líder Botafogo. Na Copa do Brasil, o adversário é o Corinthians. Mas a última partida das oitavas, contra o Palmeiras, foi assustadora, pela retranca. A rejeição a Tite cresce com a piora do desempenho da equipe.

Não há a menor movimentação da direção para a antecipação da renovação de contrato. O treinador já evita lugares públicos para evitar cenas desagradáveis.; como ser xingado.

Flamengo e Tite se mostram cada vez mais incompatíveis.

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