Como os jogos eletrônicos, antes considerados infantil, se tornaram algo bilionário
“Videogames não ensinam nada útil para a vida”, “só fica nesse joguinho o dia inteiro”, “Isso nunca te dará futuro”, “isso só serve para perder tempo”, “nada de bom vem desses jogos”. Se você joga e gosta de videogames, provavelmente já escutou pelo menos uma dessas frases de alguém próximo. Ainda assim, games são uma das maiores paixões dos jovens de hoje, vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho nos últimos anos e se tornaram um dos setores profissionais que mais crescem no planeta.
Com a evolução da tecnologia, o crescimento da chamada cultura gamer e a explosão das plataformas digitais, o que antes era considerado apenas lazer agora é reconhecido como uma carreira promissora.
Neste mercado bilionário e cheio de oportunidades profissionais, a carreira de e-sports tem ganhado notoriedade. Isso mesmo: atletas de alto desempenho que treinam diariamente com suas equipes em jogos como Counter-Strike: Global Offensive, Valorant e Dota, para competir contra os melhores do mundo em campeonatos gigantescos organizados em diversas regiões.
Um estudo da consultoria Fortune Business Insights revelou que o mercado global de e-sports está avaliado em US$ 1,72 bilhão em 2023, e deve chegar a US$ 2,06 bilhões no fim de 2024.
Embora ainda em desenvolvimento, os esportes eletrônicos já conquistaram uma grande base de fãs e se tornaram a carreira dos sonhos de muitos jovens.
Segundo o site Statista, especializado em reunir dados sobre diversos temas, em 2020, cerca de 215 milhões de pessoas assistiram e-sports ao redor do mundo. O esperado é que esse número chegue a 318 milhões já em 2025, um crescimento médio anual de quase 28%. O número é apenas de entusiastas, que acompanham diversas competições, se incluída a audiência ocasional, os espectadores dobram.
Em resposta a essa demanda, escolas e universidades começaram a adaptar seus currículos para incluir disciplinas específicas relacionadas aos jogos.
Na Seoul Game Academy, uma rede de escolas localizada na capital da Coreia do Sul, os alunos podem optar por atividades complementares, como inglês ou história. No entanto, milhares deles escolhem passar horas extras, até tarde da noite, aprimorando suas habilidades em videogames. Em 2023, a própria instituição relatou que cerca de dois mil alunos se dedicaram ao aprendizado de League of Legends – “LoL” para os íntimos.
League of Legends, um game no formato MOBA (arena de batalha online para vários jogadores), combina trabalho em equipe, ação e estratégia, e é um dos mais populares globalmente. Especialmente na Coreia, onde jogadores como CoreJJ, Chovy e Keria substituíram os ídolos esportivos tradicionais e se tornaram algumas das maiores celebridades do país.
Para quem está acostumado com sistemas de trabalho mais tradicionais, esse novo caminho pode parecer incomum, mas o mundo dos e-sports veio para ficar, impulsionado por cifras e números impressionantes. O maior mercado desse nicho do mundo, a Ásia, exemplifica essa força.
A Riot Games, desenvolvedora de LoL, vendeu os direitos de transmissão da liga chinesa para o serviço de streaming Huya, conhecido globalmente como Nimo TV, por cerca de R$ 1,7 bilhão. A liga coreana, a mais popular entre os espectadores, também atraiu grandes investidores, como a joalheria norte-americana Tiffany & Co.
Além dos grandes investimentos, os salários dos jogadores de e-sports também são notáveis. Lee Sang-hyeok, conhecido como Faker, considerado o maior jogador de todos os tempos na modalidade, tem um salário anual estimado em R$ 32 milhões, comparável ao de atletas de esportes mais tradicionais, como futebol e basquete.