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Brasil não está imune a apagões no sistema aéreo, dizem especialistas

Pane cibernética dessa sexta-feira, (19), gerou alerta mundial ao provocar atrasos e cancelamentos de voos nos aeroportos

O caos em aeroportos de vários países, ocasionado pelo apagão cibernético dessa sexta-feira, (19), que afetou sistemas de diferentes setores da economia, acendeu um sinal de alerta para o Brasil. Apesar de o país não ter sido atingido de maneira tão ampla, até que ponto a malha aérea nacional está imune a esse tipo de situação?

O funcionamento regular dos aeroportos e do controle de tráfego aéreo depende do auxílio de sistemas computacionais. Especialistas da área dizem que as interfaces e tecnologias utilizadas pelo Brasil são tão seguras quanto as de qualquer outro país e que, por isso, elas também estão suscetíveis a panes e apagões.

Engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo e aeroportos da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Eduardo Leal Medeiros diz que, por mais seguro e isolado que um sistema seja, “não existe imunidade completa, tecnicamente falando”.

Diferença entre sistemas

Quando se fala de aviação, no entanto, é preciso fazer algumas diferenciações. Outro especialista da USP, o professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Aeronáutica James Waterhouse, explica que a malha aérea funciona a partir da combinação de diferentes interfaces.

O apagão cibernético dessa sexta atingiu a interface comercial das empresas aéreas, ou seja, aquela que guarda dados e informações de passageiros, bagagens e definição de assentos. Sem essas informações disponíveis eletronicamente, é como se todo o processo de embarque dos aeroportos tivesse de voltar ao método manual, o que torna os atrasos inevitáveis.

Essa parte comercial, porém, não está ligada à interface técnica do sistema aéreo, que é aquela responsável pela segurança e controle do tráfego de aviões. Segundo Waterhouse, a parte técnica é mais segura e resistente a apagões, porque ela funciona isoladamente, sem interligação com outros sistemas e, por isso, é menos exposta.

Apesar desse aspecto, é impossível atestar 100% de segurança, inclusive contra possíveis panes. A chance de interferência é mínima, mas, como em qualquer sistema, ela existe. A interface técnica passou ilesa pelo apagão dessa sexta, mas o funcionamento correto da parte comercial é imprescindível.

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