A briga sobre ilha que sumiu no Pará: culpa das lanchas ou ação da natureza?
Com o tamanho de dois campos de futebol, a Ilha Camará era local de lazer de comunidades ribeirinhas - mas desapareceu do mapa na última década. Entenda como está a investigação que tenta encontrar as causas e os possíveis culpados pelo sumiço
Uma ilha que tinha o tamanho de dois campos de futebol foi, durante décadas, o refúgio de descanso e lazer para algumas comunidades ribeirinhas da costa paraense. A partir de 2012, no entanto, essa porção de terra (ou areia, para ser mais exato) começou a minguar rapidamente – até desaparecer em 2016.
Mas o que causou o sumiço da ilha?
De um lado, os moradores da área dizem que a passagem das lanchas de uma empresa de praticagem causou a erosão e a consequente destruição da ilha, cujo nome era Camará. A denúncia deles gerou uma investigação da Polícia Civil paraense, que contou com o apoio de pesquisadores de uma universidade e o uso de imagens de satélite.
De outro, os responsáveis pelas embarcações negam que estejam envolvidos com o desaparecimento da ilha – e eles também tiveram o apoio técnico de especialistas no tema para contra-argumentar e defender que a erosão é um processo natural, típico da região.
A seguir, você entende todos os detalhes dessa história – que foi parar na Justiça – e os possíveis desdobramentos dela.
Salgado Paraense
Para entender os detalhes deste caso, é preciso conhecer um pouco da dinâmica da região em que tudo aconteceu. O município de Marapanim é o epicentro da polêmica.
Ele fica a cerca de 150 km de Belém e se localiza nas proximidades da costa nordeste do Estado. O local é banhado pelos rios Cajutuba e Camará, que pouco mais à frente desembocam no mar.
Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que essa região, conhecida como Salgado Paraense, é cheia de estuários. A área é marcada pela mistura da água doce dos rios com a água salgada do mar.
Esse encontro é influenciado diretamente pela força das marés: há uma diferença que supera os 4 metros no volume de águas entre os períodos das cheias e das baixas. Em suma, trata-se de uma região bem dinâmica, com muitos bancos de areia que se movimentam o tempo todo.