China lidera produção de carros elétricos e painéis solares
País produz um terço dos bens manufaturados do mundo, e as exportações continuam a aumentar, alarmando seus parceiros comerciais sobre o ‘excesso de capacidade’ de produção dos asiáticos
Ao longo de décadas, a China avançou metodicamente para dominar cada vez mais a produção industrial, desde brinquedos e vestuário, na década de 1980, até os semicondutores e as energias renováveis, na atualidade. O país asiático produz um terço dos bens manufaturados do mundo — mais do que os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão, a Coreia do Sul e o Reino Unido juntos. Seu superávit comercial nesses produtos é igual a um décimo de toda a economia chinesa.
E as exportações continuam a aumentar, alarmando seus maiores parceiros comerciais sobre o “excesso de capacidade” de produção da China. Os principais líderes dos Estados Unidos e da Europa apelaram para que a China reduza suas vendas ao mundo e aumente as importações. Na última terça-feira, o presidente Joe Biden aumentou drasticamente as tarifas dos EUA sobre as importações da China em itens como carros elétricos, painéis solares e produtos manufaturados de alta tecnologia.
As políticas industriais da China tiveram um objetivo consistente
Há quase uma década, a China lançou um ambicioso programa denominado Made in China 2025. O plano estabelecia que o país substituísse as principais importações em dez setores industriais de manufatura de ponta, fabricando os próprios produtos. O sistema bancário controlado pelo Estado direcionou empréstimos para esses setores-chave.
Passados quase dez anos, a economia interna da China sofre, sobretudo, em decorrência da quebra do mercado imobiliário. Os líderes em Pequim ordenaram o aumento dos empréstimos bancários para muitos setores industriais, a fim de compensar a desaceleração dos gastos dos consumidores, e intensificaram as exportações.
Para os decisores políticos e econômicos da China, a estratégia é familiar. Funciona assim: os reguladores restringem as opções de investimento das famílias chinesas, que não têm outra escolha senão depositar enormes somas de dinheiro nos bancos a taxas de juro baixas. Os bancos, então, emprestam dinheiro a taxas baixas para startups e outras empresas. De acordo com o Banco Central da China, o crédito líquido destinado à indústria subiu para US$ 670 bilhões no ano passado, contra US$ 83 bilhões liberados em 2019.
Pequim passou a instruir os governos locais a ajudar setores industriais determinados. Essa assistência inclui a entrega de terrenos baratos para o estabelecimento de fábricas, a construção de novas autoestradas para camiões de carga, a implantação de linhas de trem-bala e outras obras de infraestrutura.
Um estudo feito pelo Instituto Kiel para a Economia Mundial, em Kiel, na Alemanha, calculou que cerca de 99% das empresas chinesas, cujas ações são negociadas publicamente, receberam subsídios governamentais diretos em 2022.