34% das cidades da Amazônia Legal tem maior índice de poluição do ar
Estudo internacional mostra que região concentra 13 dos 38 municípios com piores resultados; Xapuri, no Acre, lidera o ranking
A Amazônia Legal abriga 34% das cidades com ar mais poluído do Brasil, segundo o relatório World Air Quality de 2023, produzido pela IQAir e publicado nesta semana.
Das 38 cidades com piores índices PM2.5 do país, 13 estão na região. Xapuri, no Acre, apresenta o pior resultado, com cinco vezes mais micropartículas poluentes no ar que o indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Na lista, constam também outras sete cidades acrianas e as capitais Boa Vista (RR), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Palmas (TO). Em algumas delas, o percentual de poluição ultrapassa cidades industriais de São Paulo.
A sigla PM2.5 significa “material particulado” com 2,5 mícrons ou menos de diâmetro, ou seja, mais finas que a poeira e capazes de penetrar a região torácica do sistema respiratórios. Em comparação, por exemplo, a areia da praia tem 90 mícrons de diâmetro, o cabelo humano tem entre 50 e 70 mícrons e as partículas de poeira, pólen e mofo são tipicamente inferiores a 10 mícrons.
O relatório traz dados de 7,8 mil localidades em 134 países. Segundo o documento, no Brasil, a onda de calor enfrentada no ano passado e o clima seco que causou grandes incêndios florestais na região Amazônica são as causas da grande poluição.
“No Norte do Brasil, o desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia têm impactado significativamente a qualidade do ar do país. O desmatamento é impulsionado pela produção de gado, soja, cana-de-açúcar, especulação imobiliária e pela indústria de carvão vegetal”, aponta.
O relatório cita que, embora o desmatamento tenha reduzido em 2023, o número de incêndios foi alto. Questionado sobre os dados apresentados, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirmou que implementou e mantém o Sistema Nacional de Gestão da Qualidade do Ar (MonitorAr), além de promover o aprimoramento da gestão da qualidade do ar e atuar para a expansão das redes de monitoramento.
O secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental da pasta, Adalberto Maluf, destacou que a pasta trabalha com a revisão da resolução 491 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que trata da qualidade de ar.