Após ataque contra sete trabalhadores humanitários, ONGs reduzem presença em Gaza; comboio foi atingido por três mísseis
Sete pessoas morreram na ação, que teria como alvo um suposto integrante do Hamas que não estava no local; navios com alimentos retornaram a porto no Chipre
Dois dias depois de um ataque israelense matar sete trabalhadores da ONG humanitária World Central Kitchen (WCK) na Faixa de Gaza, organizações que operam no enclave palestino afirmaram que vão reduzir ou suspender sua presença na região. Os anúncios vêm no momento em que surgem detalhes sobre o bombardeio ao comboio, um incidente condenado inclusive por aliados de Israel.
Logo após o ataque, a WCK anunciou a suspensão imediata dos trabalhos, e ordenou que navios que levariam cerca de 200 toneladas de ajuda a Gaza retornassem para Larnaca, no Chipre. As embarcações deveriam atracar em um porto improvisado montado pela ONG, por onde passaram o equivalente a 43 milhões de refeições para a população civil desde o início da guerra, afirmou a WCK.
Diante de uma situação incerta, na qual nem ações de entrega de ajuda humanitária têm garantias de segurança, muitos começam a repensar sua atuação em Gaza. É o caso da Anera, ONG baseada nos EUA e presente nos territórios palestinos e outros países do Oriente Médio desde os anos 1960. Em comunicado, ela anunciou a “medida sem precedentes” de pausar seus trabalhos no enclave.
“A morte dos trabalhadores humanitários da WCK, ocorrida menos de um mês depois da morte ainda inexplicada do membro da Anera, Mousa Shawwa, além da perda de numerosos trabalhadores humanitários e suas famílias, levou nossa equipe a concluir que entregar ajuda de forma segura não é mais possível”, diz o comunicado. “Pela segurança de nossa equipe e suas famílias, suspendemos o trabalho da Anera em Gaza.”
Em entrevista à al-Jazeera, a diretora da Anera para Gaza e Cisjordânia, Sandra Rasheed, disse que seus funcionários sentem “como se houvesse um alvo em suas costas”. Ao New York Times, o fundador da ONG Global Empowerment Mission, Michael Capponi, disse que alguns de seus funcionários “basicamente querem arrumar as coisas e sair” de Gaza.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que todos os braços da organização ainda presentes em Gaza, incluindo o Programa Mundial de Alimentos e a agência para os palestinos, a UNRWA, vão suspender as movimentações durante a noite.