Efeito da queda dos preços e mercado aquecido com mais empregos formais aumentaram o rendimento médio neste fim de ano
O mercado de trabalho tem apresentado crescimento em 2022, com aumento da ocupação a partir de mais empregos gerados e rendimento médio subindo novamente, após um período de queda decorrente do pós-pandemia. E a retomada do crescimento da renda no Brasil passa especialmente pelo recuo contínuo da inflação, segundo os especialistas ao CNN Brasil Business.
De acordo com os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de setembro, o rendimento real habitual cresceu pelo segundo mês consecutivo, chegando a R$ 2.713 no trimestre. A queda dos preços faz com que esse rendimento avance significativamente acima da inflação, segundo Cosmo Donato, economista da LCA Consultoria e especialista em mercado de trabalho.
“Pela Pnad ser uma média móvel de três meses, estamos vendo um buffer sobre o rendimento médio, vindo diretamente da queda da inflação, e isso deve se estender até o fim deste ano”, destacou o economista.
Donato ressaltou que o mercado de trabalho é defasado em relação à atividade econômica e, portanto, as surpresas positivas dos últimos meses e semanas sobre PIB, setor de serviços, indústria e outros indicadores demoram um pouco para se manifestar sobre o ramo.
“Chegamos em um momento em que além do efeito composição estar sendo menos negativo e de a inflação estar possibilitando altas reais dos salários, temos a atividade contribuindo para o aquecimento do mercado de trabalho”, afirmou.
“Vemos isso pelo avanço significativo da ocupação e a pressão dos salários para cima. Então estamos entrando em um período que é uma espécie de janela de oportunidades em que há espaço para altas salariais, tanto por conta da inflação e do efeito composição quanto por conta de efeitos defasados da economia aquecida. Isso deve durar pelo menos até metade do ano que vem, que é quando a economia começa a desacelerar e afeta negativamente os salários”, acrescentou.