Churros do seu Antônio faz sucesso há mais de 3 décadas em Macapá: ‘continua o mesmo sabor’
Meio tímido e sem tirar o foco da produção do doce, seu Antônio conta um pouco da história do famoso churros, que se mistura à própria história de vida e ganha um gosto de saudosismo
Por Núbia Pacheco / Da Redação
Famoso pela venda de churros na frente de escolas tradicionais do Centro e Zona Sul de Macapá, o autônomo Antônio Benedito Braga Pereira, de 72 anos, é considerado um ícone popular. A venda de churros marcou a vida de alunos na década de 1990, que reencontraram o autônomo nesta terça-feira (12) e afirmaram que a guloseima continua com o mesmo sabor.
Meio tímido e sem tirar o foco da produção do doce, seu Antônio conta um pouco da história do famoso churros, que se mistura à própria história de vida e ganha um gosto de saudosismo.
Tudo começou em Belém, capital do Pará, em 1985. Seu Antônio abriu filiais do empreendimento em frente a 5 escolas do estado vizinho. Mas após 2 anos, ele resolveu se mudar para o Amapá.
Já nas terras tucuju, o autônomo colocou os carrinhos em frente a 5 escolas muito conhecidas no Amapá: Guanabara, Colégio Amapaense (CA), Antigo CCA (Professor Gabriel de Almeida Café), antigo GM (Professor Antônio Pontes) e Irmã Santina Rioli.
Nesta última, foi onde a fama do melhor churros da cidade se consolidou. Seu Antônio conta que foram 33 anos fazendo a festa da garotada que estudava na Escola Estadual Irmã Santina Rioli, no bairro do Trem.
“Eu tive 5 carrinhos, mas o maior tempo foi no Santina, foram 33 anos. Por isso que muita gente me conhece. Vem gente de muitas escolas, mas vem mais do Santina. Eles vêm atrás de mim sempre”, contou.
Por ser considerado do grupo de risco em função da idade, seu Antônio precisou se afastar das vendas em espaços públicos desde a pandemia. Atualmente, ele vende os churros na frente da própria casa, na Avenida Diógenes Silva, no bairro do Trem.
Saudosista, seu Antônio relembra como era o trabalho na frente das escolas e conta um pouco da história como se tivesse por questão de minutos voltado no tempo.
“Era aquela brincadeira de criança, aquela algazarra que toda escola tem, normalmente quando chegava esse período de fim de ano, já dava a saudade, porque começava a diminuir o movimento”, relembra.
O seu Antônio não esqueceu e os alunos também não. Um grupo de amigos que estudaram na Escola Estadual Irmã Santina Rioli em meados de 1992 resolveram fazer um reencontro no novo “point” do seu Antônio. Reunidos em frente a casa do autônomo, eles recordaram de bons momentos vividos na frente da escola.
“O seu Antônio é uma pessoa muito especial para a gente, porque ele fez parte da nossa infância e um pedacinho da nossa adolescência. A gente economizava aquele dinheirinho para comprar o churros do seu Antônio. Nem sempre a gente tinha o dinheiro, então a gente comprava um churros e dividia um pedacinho para cada um”, contou a jornalista Alice Valena.
Uma das primeiras do grupo a reencontrar o seu Antônio foi a funcionária pública Rita de Cássia Britto. Ele conta que passou, por a caso, em frente a residência e viu o seu Antônio vendendo o churros. A reação, é claro, foi parar e matar a saudade.
“Tem muita memória afetiva. Quando eu encontrei o seu Antônio aqui na época da pandemia, eu estava com a minha filha de 13 anos. Eu passei e parei enlouquecida. Falei pra minha filha que ela ia provar o melhor churros da cidade. Eu comprei e bastou. Ela se apaixonou. Eu abracei o seu Antônio e veio aquela memória lá do Santina Rioli, na quarta série e com essa turma. O seu Antônio está no nosso coração e na memória afetiva da melhor fase da nossa vida, que é a infância”, expressou.
Rita de Cássia também confirma que o churros tem o mesmo sabor. Em seguida, seu Antônio completa e diz que realmente ‘nunca mudou’, e que o único ajuste que fez na receita foi há algum tempo quando trocou o tipo de farinha utilizado.
Mas quando perguntam qual o segredo para o churros atrair tanta gente e não ser esquecido, a reposta é óbvia e vem a acompanhada de uma boa gargalhada: “a receita eu não vou dar não”.
Seu Antônio conta que não pretende mais vender em frente a escolas e que prefere ficar apenas na frente da própria casa por questões pessoais. Mas mesmo trabalhando em casa, ele explica que tem momento certo pra atender.
Para quem quer relembrar ou conhecer o churros que marcou a memória afetiva de gerações, o convite é o próprio seu Antônio quem faz.
“Eu fico aqui, das 19h até às 23h. Quando o carrinho estiver na frente da casa, se quiser comer um churros, seja muito bem-vindo”, completou.