O holerite, ou demonstrativo da folha de pagamento do Senado, revela que a ex-assessora recebia vencimentos na ordem de R$ 9.456,00. Mas, a mulher garante que nunca recebeu esse valor
Da Redação
A Rede Jovem Pan News voltou a repercutir na manhã desta sexta-feira (23) o caso de uma mulher, de 74 anos, que é ex-assessora comissionada do gabinete do senador Davi Alcolumbre (UB), em Brasília (DF), onde estava lotada desde 2015. O holerite, ou demonstrativo da folha de pagamento do Senado, revela que a mulher recebia vencimentos na ordem de R$ 9.456,00.
No dia 12 deste mês, o repórter Bruno Pinheiro (Jovem Pan) revelou que na verdade a mulher seria apenas uma ‘laranja’ na folha de pagamento do gabinete do senador, e que ela nunca esteve em Brasília.
Nesta sexta-feira, Bruno apresentou um novo capítulo nessa história. Durante o programa Jornal da Manhã, também da Jovem Pan, ele entrevistou com exclusividade a filha da ex-assessora. A jovem afirma que sua mãe jamais recebeu os valores constantes no holerite, e garante que a genitora foi vítima de um esquema ilícito.
“Toda essa renda que estão falando agora, é…. de dez mil, nove mil reais, não. Era um salário [mínimo] normal. Ela era simplesmente assalariada. Eu fiquei, sim, indignada com toda essa história. Fiquei revoltada porque isso não é coisa que se faça. É uma falta de caráter do senador Davi Alcolumbre, em usar uma pessoa semianalfabeta, de poucos conhecimentos a favor disso. Ele [Davi] pegou da inocência dela para usar a favor dele. Se ela soubesse, lógico que exigiria o pagamento integral ou abandonaria o cargo”, disse a filha, que reafirmou que a mãe trabalha como ajudante de serviços gerais no Amapá.
Relembre o caso
O programa Headline News, da rede Jovem Pan, revelou na noite de 12 de setembro passado, que uma ex-assessora, lotada desde 2015 no gabinete do senador Davi Alcolumbre (UB), em Brasília (DF), nunca esteve na capital federal para realizar as funções de auxiliar parlamentar júnior, cujos vencimentos iniciais eram de R$ 9.456,00, segundo informações obtidas pela reportagem junto ao Portal da Transparência do Senado.
De acordo com o repórter Bruno Ribeiro, da Jovem Pan, a mulher teve uma conversa gravada por um amigo e nela afirma que trabalhava há pelo menos 11 anos com o senador, mas que recebia menos de R$ 1,5 mil, e que esse valor era pago por um funcionário de Davi, em espécie, ao final de cada mês.
A mulher assegura na gravação desconhecer que era lotada no gabinete parlamentar. Ela alegou que apenas foi orientada a abrir uma conta bancária, mas que ao receber o cartão de movimentação repassou ao funcionário do senador. A idosa ainda garante que por alguns meses não recebeu nenhuma quantia, citando ainda pelo menos outras três pessoas que também estariam na mesma condição que ela. Na gravação a mulher diz que chegou a passar necessidades por isso.
Ainda de acordo com a reportagem, o valor movimentado em nome da ex-integrante da folha de pagamento do gabinete de Davi seria na ordem de aproximadamente R$ 400 mil, durante o período em que ela constava como ativa no sistema. A mulher foi exonerada (sem saber) em fevereiro do ano passado.
Na terça-feira (13) a assessoria do senador Davi Alcolumbre divulgou nota atribuindo à reportagem uma motivação política movida supostamente pela concorrente direta dele na disputa ao Senado, Rayssa Furlan (MDB), citando ainda o nome do atual prefeito de Macapá, Dr. Furlan.
“É importante esclarecer que a PGR e o STF já reconheceram que o senador não responde por nenhum processo de rachadinha, ao contrário do prefeito Furlan. Diante de um jornalismo de dois pesos e duas medidas, esperamos a matéria da Jovem Pan sobre a rachadinha de Furlan na Assembleia Legislativa do Amapá – este, sim, um esquema que está sendo apurado pelo Ministério Público Estadual desde 2016 e que tramita em segredo de justiça. O Amapá não merece uma campanha tão baixa, de ataques e que não apresenta nenhuma proposta”, diz trecho da nota do senador amapaense.
Prefeito
Também em nota, a assessoria jurídica do prefeito da capital declarou que as acusações de Davi são levianas e que: “Afirma que o gestor não é investigado, tampouco responde a qualquer processo ou denúncia sobre rachadinha referente ao período em que exercia mandato de deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Amapá. Salienta ainda que Dr. Furlan nada consta em suas certidões cíveis e criminais. A nova denúncia apresentada pela reportagem da Jovem Pan News, de grande repercussão nacional, é gravíssima e precisa ser investigada. Assim como o senador Davi Alcolumbre também deve explicações ao povo amapaense sobre os supostos crimes de rachadinha e corrupção. O povo amapaense está cansado dos retrocessos e da corrupção arraigada às práticas da política desonesta e de seus representantes. Os amapaenses merecem respeito”, encerra a nota do gestor macapaense.
Rayssa
Já a assessoria de comunicação de Rayssa Furlan (MDB), afirmou, em outra nota, que a candidata ao Senado não responde a nenhum processo, e nada consta em suas certidões cíveis e criminais.
“O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) deferiu a candidatura de Rayssa Furlan ao Senado Federal, o que permite que ela concorra ao pleito eleitoral sem qualquer restrição. Já as denúncias apresentadas contra o senador Davi Alcolumbre, através da equipe de jornalismo da Jovem Pan News, são contundentes e apresentam provas concretas. Uma mulher idosa foi enganada por mais de dez anos, deixando de receber quase meio milhão de reais. O senador deve satisfação ao povo amapaense. Vamos continuar na nossa campanha limpa, honesta, e com diálogo direto com a população”, concluiu.