Ex-PM Kassio Mangas é julgado pela morte da cabo Emily; acompanhe ao vivo
Kássio Mangas assassinou a cabo Emily no dia 12 de agosto de 2018, com quatro tiros, no bairro Pacoval. Segundo a denúncia, ele não aceitava o fim da separação com a colega de farda e ex-companheira
Elden Carlos / Editor
Teve início na manhã desta segunda-feira (22), no plenário da Vara do Tribunal de Júri de Macapá, o julgamento do ex-policial militar Kassio de Mangas dos Santos, que foi denunciado pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP) pelo crime de feminicídio contra sua ex-companheira, a cabo da Polícia Militar Emily Monteiro, assassinada com quatro tiros, aos 29 anos, no dia 12 de agosto de 2018. O crime ocorreu na casa da vítima, no bairro Laguinho.
O júri é presidido pela juíza Livia Freitas. Na abertura dos trabalhos a magistrada sorteou os sete jurados que compõem o Conselho de Sentença, responsável por julgar o réu. A defesa do réu optou pela estratégia inicial de dispensar as mulheres sorteadas na sessão. Ao término do sorteio, sete homens compuseram o júri. Eles prestaram juramento.
Entenda o caso
Até o momento sem pedido de reconstituição simulada, o julgamento inclui a oitiva de um total de nove pessoas: um perito assistente técnico, indicado pela defesa, Sérgio André Hernandez, na ocasião explicando laudos da Polícia Técnico-Científica do Amapá (Politec/AP); sete testemunhas, cinco da acusação e duas exclusivas da defesa (três das testemunhas se sobrepõem); e o réu.
A equipe da unidade explica que, além dos trâmites rotineiros, como intervenções das partes (defesa e acusação) e adiamentos por fatores diversos – como o lockdown referente à pandemia de Covid-19 – o processo ainda passou quase dois anos, entre janeiro de 2021 e outubro de 2022, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – o que repercutiu no tempo de trâmite processual e levou o julgamento a ser agendado somente para este mês de maio de 2023.
Kassio de Mangas é representado por três advogados – Dione Melo, Sandro Modesto e Hélvio Farias. A acusação é conduzida pela promotora de Justiça Klisiomar Dias (MP-AP) com assistência do advogado Cícero Bordalo.
Inquérito
Segundo consta no Inquérito Policial nº 362-DCCM, no dia 12 de agosto de 2018, por volta das 17h30h, na residência localizada na Av. Rio Grande do Norte, bairro Pacoval, Zona Central de Macapá, o réu, usando uma pistola calibre .40, desferiu quatro disparos contra a vítima. A cabo Emily chegou a ser socorrida e levada para o Hospital de Emergência, mas morreu 20 minutos após dar entrada na unidade de saúde.
Segundo a investigação policial, Emily já vinha tentando pôr fim ao relacionamento há cerca de seis meses. Ela e o policial tiveram uma relação amorosa de cerca de dois anos. Na manhã de domingo, (12), ela teria finalmente decidido pela separação definitiva.
Segundo a delegada Sandra Dantas, Kassio deixou o imóvel por volta de 10h30, aparentemente tendo concordado com a separação.
“No final da tarde ele retornou à residência onde permaneceu por cerca de 50 minutos. O cenário que encontramos foi de total violência. A vítima foi morta de forma cruel. Ela sofreu várias agressões antes de ser baleada”, descreveu a delegada à época do crime.
Durante pesquisa no sistema da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), foi descoberto que o policial Kássio Mangas, que tinha dez anos de corporação, já havia ameaçado de morte duas outras ex-namoradas, sempre com emprego de arma de fogo. Os boletins foram registrados nos anos de 2008 e 2016. Uma dessas vítimas seria outra policial militar com quem ele manteve um relacionamento amoroso.
“Já existe um histórico de agressão. Lamentavelmente houve essa tragédia. Ele será indiciado por feminicídio”, disse a delegada no dia da prisão do soldado.