Delegação ucraniana no Brasil critica “genocídio” praticado pela Rússia e promete que país “continuará lutando”
Grupo se reuniu com parlamentares e empresários brasileiros para expor a situação do país e pedir apoio
Uma delegação de três ucranianos veio a Brasília e a São Paulo explicar a visão do país sobre a guerra com a Rússia. Eles se reuniram com os influentes senadores Jaques Wagner (PT-BA), Renan Calheiros (MDB-AL), que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo na Casa.
À pergunta sobre se os ucranianos estariam dispostos a ceder território em troca de paz, Olexiy Haran, professor de política comparada da Universidade Nacional da Academia Kiyv-Mohyla, respondeu: “Sempre faço essa pergunta no Sul Global: imagine que o seu país foi invadido, todo bombardeado. Um império colonial anuncia que parte do seu território pertence a ele. O que você faria? Os ucranianos estão lutando.”
Com base em pesquisas feitas por sua universidade, Haran afirma que “90% dos ucranianos estão otimistas, acreditam na vitória, e não aceitam a paz sob as condições de Putin, às custas do território ucraniano”.
“E nós mostramos que somos capazes de liberar nosso território”, continuou o professor. “Nosso espírito é imenso. O Exército russo é corrupto. [Vladimir] Putin está mandando milhares de soldados para a morte. Para que eles estão morrendo? Nós estamos lutando por nossa liberdade. E vamos continuar lutando. Nós liberamos muito do nosso território e vamos liberar toda a Ucrânia. É só isso que queremos. Mas definitivamente precisamos de apoio.”
Haran rejeitou a justificativa de Putin para invadir a Ucrânia, de que estaria combatendo nazistas: “Os nazistas matavam as pessoas por causa do sangue delas, a etnia delas. Os soldados ucranianos estão bombardeando a Rússia? Eles invadiram a Rússia? Não. É Putin que está nos bombardeando.”
“Putin começou o genocídio contra os ucranianos. Os nazistas criaram um império para todos os que falavam alemão. Putin faz a mesma coisa. Nós temos ucranianos, russos étnicos, tártaros da Crimeia. Nosso presidente é judeu, sem problemas. Os russos dizem que estão protegendo os russos étnicos. Eles destruíram Kharkiv e Mariupol, onde a maioria da população eram russos étnicos”, acrescentou.