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Bolsonaro condenado, tensão diplomática com os EUA e fugas de deputados: o que marcou a política em 2025

Relembre os fatos que mais repercutiram na política nacional ao longo do ano

Ao longo de 2025, o Congresso Nacional discutiu uma proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e na trama golpista, impulsionada sobretudo pela oposição e por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob o argumento de “pacificação nacional”
após as condenações impostas pelo STF. Na Câmara dos Deputados, a pressão política levou à aprovação do regime de urgência e,
depois, de um texto que abandonou a anistia ampla e passou a tratar de mudanças na dosimetria das penas, reduzindo o somatório de crimes
e facilitando a progressão de regime para os condenados, beneficiando desde executores dos ataques até líderes políticos condenados,
como Bolsonaro, que poderia cumprir só 2 anos da pena em regime fechado. No Senado, o projeto foi alterado para restringir seu alcance, mantendo os crimes caracterizados, mas suavizando penas e regras de progressão, afastando formalmente a ideia de perdão total.
A proposta aguarda análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve vetar o texto
No início de 2025, Eduardo Bolsonaro decidiu se licenciar do cargo de deputado e se mudou para os Estados Unidos,
alegando estar em missão para defender “liberdades e direitos” e buscar sanções contra autoridades brasileiras 
– sobretudo o ministro do STF Alexandre de Moraes. Meses depois, a PGR denunciou Eduardo por crime de coação no curso do processo, acusando-o de buscar interferir em procedimentos legais no Brasil por meio dessa mobilização internacional.
A PGR destacou que Eduardo buscava sanções internacionais como forma de pressionar o andamento de processos contra seu pai,
o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em novembro, o STF aceitou a denúncia e tornou Eduardo réu.
Em dezembro, a Câmara dos Deputados cassou o mandato de Eduardo pelo número de faltas
Os Estados Unidos, sob o governo do presidente Donald Trump, anunciaram neste ano uma política comercial usando tarifas
como ferramenta de pressão econômica e política. Além de um pacote geral de tarifas iniciado no começo do ano,
em julho os EUA aplicaram um tarifaço de 50% sobre uma série de produtos brasileiros exportados para seu mercado.
O governo americano justificou parte dessa ação como resposta a tensões políticas com o Brasil – incluindo o que chamou de “caça às bruxas”
ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois de um período de relações tensas, houve movimentos de aproximação:
em outubro, Lula e Trump se encontraram pessoalmente na Malásia para tratar da questão das tarifas e de relações econômicas mais amplas.
Em novembro, Trump anunciou a remoção das tarifas sobre centenas de produtos brasileiros, como carne bovina, café, frutas e fertilizantes
Ao longo do ano, em meio às tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos
– intensificadas principalmente pelo julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado –
o  Governo dos EUA declarou que aplicaria medidas punitivas contra autoridades brasileiras supostamente envolvidas em “abuso de poder”
e “violações de direitos humanos”. O Departamento de Estado dos EUA revogou vistos de entrada de diversas autoridades brasileiras,
incluindo membros do STF e outras figuras do Judiciário e do Ministério Público, citando como motivo ações judiciais
consideradas por Washington como “censura” e “abuso de autoridade” em processos políticos – especialmente contra aliados de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes e a mulher dele, Viviane Barci, foram punidos com a Lei Magnitsky,
aplicada a pessoas acusadas de corrupção ou graves violações de direitos humanos. 
As sanções contra os dois, contudo, foram retiradas em dezembro
empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS
Investigações da Polícia Federal e da CGU revelaram um esquema em que associações e entidades cobravam mensalidades diretamente
de aposentadorias e pensões do INSS sem autorização dos beneficiários, por meio de documentos falsificados e falhas de controle interno.
O prejuízo estimado chega a cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, atingindo milhões de segurados. A crise abalou o governo Lula
e resultou na demissão de Alessandro Stefanutto da presidência do INSS – posteriormente, ele foi preso por envolvimento na fraude – e na saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, além do afastamento de outros servidores. A operação levou à prisão de operadores do esquema, como o lobista conhecido como “Careca do INSS”, e provocou forte reação no Congresso, com instalação de uma CPMI 
para apurar responsabilidades. O governo iniciou um amplo processo de ressarcimento, com bilhões de reais já devolvidos
aos aposentados, e mantém canais abertos para contestação e restituição dos valores cobrados ilegalmente
Neste ano, o Congresso analisou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que buscava exigir autorização prévia do Congresso
para que parlamentares pudessem ser processados penalmente ou ter prisões cautelares decretadas contra eles.
Além disso, a PEC previa que essa autorização fosse decidida em votação secreta, e estendia proteções a presidentes de partidos
e outras autoridades equiparadas. A proposta ganhou o apelido de PEC da Blindagem. A proposta foi aprovada na Câmara em setembro
com apoio da ampla maioria da Casa. No fim de semana seguinte à votação entre os deputados, houve protestos em várias capitais brasileiras contra a proposta. Ao chegar no Senado, a proposta enfrentou grande resistência e foi rejeitada por unanimidade na
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Pela regra interna do Senado, essa rejeição unânime levou ao arquivamento definitivo da proposta, encerrando sua tramitação sem necessidade de votação em plenário
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de duas condenações no STF em 2025. Primeiro, ela recebeu pena de dez anos de prisão
no caso da invasão ao sistema do CNJ. Depois, foi condenada a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo
e constrangimento ilegal decorrentes de um episódio na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Após a primeira condenação,
Zambelli deixou o Brasil em maio em maio e iniciou uma fuga que passou pela Argentina e pelos Estados Unidos até chegar à Itália. 
O nome da deputada foi incluído na lista vermelha de difusão internacional da Interpol. Em julho, ela foi presa pela polícia italiana em Roma,
após 55 dias foragida. Em outubro, o Ministério Público da Itália emitiu parecer favorável à extradição de Zambelli para o Brasil.
A audiência de extradição foi adiada várias vezes, com julgamentos remarcados para janeiro de 2026 após pedidos de mais tempo
por parte da defesa. O STF também determinou a perda do mandato de Zambelli, mas a Câmara abriu um processo e rejeitou a cassação
da deputada. Depois, o Supremo anulou a votação e decidiu que a cassação definida pela Corte deveria ser cumprida.
Na sequência, Zambelli renunciou voluntariamente ao mandato.
Em setembro, a Primeira Turma do STF julgou e condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela sua participação como líder de uma trama
para aplicar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Essa foi a primeira condenação de um ex-presidente brasileiro
por esse tipo de acusação. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela soma dos crimes que lhe foram imputados.
pena inclui 24 anos e 9 meses em regime fechado, com o restante em regime semiaberto ou aberto conforme as especificidades dos crimes. Bolsonaro começou a pena no fim de novembro, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília
Em setembro, a Primeira Turma do STF condenou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão 
pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, todos relacionados à chamada trama golpista para tentar manter Jair Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.
Em meio ao julgamento, Ramagem fugiu do Brasil. Segundo a Polícia Federal, ele cruzou clandestinamente a fronteira pelo estado de Roraima – entrando pela Guiana – e usou um passaporte diplomático para embarcar rumo aos EUA, onde foi visto em Miami, na Flórida.
Diante da fuga, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, determinou o início do processo de extradição de Ramagem 
junto às autoridades dos Estados Unidos. Com a condenação criminal transitando em julgado,
o STF determinou a perda automática do mandato de Ramagem – posteriormente, a Câmara cumpriu a decisão
Em novembro, Belém sediou a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025.
Houve avanços no reconhecimento do papel das florestas tropicais, na defesa do fim do desmatamento ilegal
e na pressão política para que grandes economias cumpram metas já assumidas.
Por outro lado, não houve acordo robusto sobre financiamento climático de longo prazo, os países ricos resistiram
a compromissos mais claros sobre recursos para perdas e danos, e não se avançou de forma decisiva
em metas vinculantes para a redução do uso de combustíveis fósseis, tema que voltou a dividir o plenário.
Problemas logísticos e críticas à distância entre discursos e compromissos práticos também marcaram o evento.
Outro destaque negativo foi o princípio de incêndio ocorrido no principal pavilhão do evento,
assustando visitantes, jornalistas e membros de delegações estrangeiras.
Não houve feridos, mas algumas pessoas precisaram de atendimento médico por inalarem fumaça.
No início de dezembro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República para as eleições de 2026.
Pai do senador, o ex-presidente Jair Bolsonaro escreveu uma carta em que endossa a candidatura do filho e o apresenta
como continuador de seu projeto político. Segundo Flávio, sua candidatura pretende dar esperança ao eleitorado que se identifica
com as pautas conservadoras e liberais do bolsonarismo. Ele disse que o bolsonarismo precisava de um “norte” e que seu nome
foi colocado para ser esse foco, inclusive para responder ao sentimento de injustiça que atribui à situação do pai
Ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques foi condenado pela Primeira Turma do STF a 24 anos e seis meses de prisão 
por participação em um dos núcleos da trama golpista que tentou manter Jair Bolsonaro no poder após 2022.
Ele respondia ao processo em liberdade provisória mediante uso de tornozeleira eletrônica. 
No fim de dezembro, ele rompeu a tornozeleira e fugiu do Brasil. Investigações indicaram que ele saiu do apartamento
onde vivia em São José (SC) em um carro alugado, levando um cachorro da raça pitbull, ração e outros itens.
Depois de cruzar a fronteira para o Paraguai, Vasques foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção,
quando tentava embarcar para El Salvador usando documentos falsos – entre eles um passaporte paraguaio irregular em nome de
“Julio Eduardo”, com o qual pretendia seguir viagem. Durante a abordagem, ele teria apresentado até uma carta alegando problemas de saúde, como incapacidade de falar ou ouvir devido a um suposto câncer. Na rodoviária de Ciudad del Este, fronteira com o Brasil,
a tornozeleira eletrônica rompida foi encontrada pela polícia. O ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Vasques
ao ter ciência de sua fuga. Atualmente, ele está detido na “Papudinha”, seção especial da Penitenciária da Papuda, em Brasília
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