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A estratégia de Xi Jinping para aumentar a presença da China no Brasil

China tem aumentado a presença no Brasil por meio de filmes, séries e documentários que falam sobre a cultura e os valores do país asiático

Zhai Zhigang, Wang Yaping e Ye Guangfu fizeram história em 2021, quando embarcaram na missão Shenzhou-13 rumo à estação espacial chinesa Tiangong. Na época, os três taikonautas quebraram marcas durante os cerca de seis meses em que permaneceram no espaço. Entre eles, o recorde de maior tempo em órbita – que viria a ser superado posteriormente – ou o da primeira caminhada no espaço realizada por uma mulher chinesa na história.

O que está acontecendo?

  • Aliada de longa data do Brasil, a China tem se inserido cada vez mais no país, por meio do soft power. 
  • No campo das relações internacionais, o termo é utilizado para descrever a capacidade de um país influenciar outra nação para alcançar seus objetivos, sem utilizar a força.
  • Nesse sentido, o governo Xi Jinping tem expandido cada vez mais a presença no Brasil por meio da cultura chinesa. Ela é apresentada em filmes, séries, animações e documentários que chegam aos brasileiros já traduzidos, facilitando a compreensão. 

Em meio à rotina de testes e experimentos no espaço, os três astronautas tiveram uma outra missão enquanto estiveram na estação espacial chinesa. Com câmeras 8k, eles filmaram as suas vidas dentro da estação Tiangong e capturaram imagens inéditas da Terra, que resultaram no primeiro filme chinês gravado inteiramente no espaço.

Dirigido pelo cineasta Zhu Yiran, o documentário Shenzhou-13 – que carrega o mesmo nome da missão – foi lançado em outubro deste ano. A produção, contudo, só chegou ao Brasil no último dia 9 de dezembro, durante evento organizado pelo China Media Group (CMG) no Rio de Janeiro.

A julgar pela reação da plateia, que permaneceu a maior parte do tempo com os olhos fixados na tela, a sinalização é de que um dos objetivos recentes do governo Xi Jinping tem obtido sucesso: a promoção da China e dos feitos do país ao redor do mundo, como tem acontecido no Brasil.

O caso do Brasil

Ainda que recente, o plano de Xi Jinping já vem sendo colocado em prática no Brasil, onde a China tem expandido sua presença por meio de filmes, séries e animações que retratam o país.

No mesmo evento onde o documentário Shenzhou-13 foi exibido, autoridades ligadas ao China Media Group (CMG) também apresentaram duas iniciativas recentes no Brasil: o canal de vídeo sob demanda Hi+ China Channel, e a plataforma China Zone.

Estruturados pelo governo chinês por meio do CMG, ambos os projetos operam no Brasil atualmente, em parceria com empresas nacionais, com o foco de distribuir produções audiovisuais da China em dubladas e legendadas em língua portuguesa.

O plano de Xi

Na quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), o presidente chinês, Xi Jinping, fez recomendações para o 15º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico e Social.

Em um dos tópicos da ata oficial da reunião, realizada entre os dias 20 e 23 de outubro deste ano, o líder da China comentou sobre a necessidade de valorizar e promover a cultura do país, com base na “nova era”.

“Devemos promover e colocar em prática os valores socialistas fundamentais, tomar medidas eficazes para impulsionar os programas culturais, acelerar o desenvolvimento das indústrias culturais e ampliar o alcance e o apelo da civilização chinesa”, diz um trecho do documento do Partido Comunista da China.

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