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Venezuelana María Corina Machado não irà à premiação do Nobel da Paz

Instituto Nobel informou que Corina, na clandestinidade por ser opositora de Nicolás Maduro, será representada pela filha na cerimônia

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, não comparecerá à cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz 2025, marcada para esta quarta-feira (10), em Oslo, Noruega. Segundo informou o diretor do Instituto Nobel, Kristian Berg Harpviken, à rádio norueguesa NRK, a filha de Corina a representará no evento. “Será sua filha, Ana Corina Machado, quem receberá o prêmio”, declarou.

A ausência de Corina na cerimônia confirmou dúvidas dos últimos dias. O Instituto Nobel cancelou uma coletiva de imprensa que seria concedida pela premiada, reforçando o mistério sobre seu paradeiro e se ela conseguiria viajar para a Noruega para receber o prêmio pessoalmente. Pouco antes da coletiva, o porta-voz do Instituto Nobel, Erik Aasheim, finalmente confirmou sua ausência.

Aos 58 anos e fora de cena há 11 meses, desde que participou de um protesto em Caracas, Corina vive na clandestinidade desde agosto de 2024. Dezenas de venezuelanos exilados viajaram à capital norueguesa para apoiá-la, assim como presidentes e líderes conservadores da América do Sul críticos ao regime de Nicolás Maduro.

O procurador-geral da Venezuela afirmou que Corina, de 58 anos, seria considerada uma “fugitiva” caso deixasse o país para receber o prêmio.

O Instituto Nobel havia confirmado no fim de semana que ela compareceria à cerimônia, que inclui a entrega de uma medalha de ouro, diploma e US$ 1,2 milhão (R$ 6,5 milhões). Nessa terça, porém, após adiar a entrevista inicialmente marcada para as 13h no horário local (9h de Brasília), o órgão anunciou o cancelamento definitivo.

Pressão do regime e risco de ser considerada “fugitiva”

O governo Maduro já advertiu que a laureada seria considerada “fugitiva” caso deixasse a Venezuela. O procurador-geral, Tarek William Saab, afirma que ela enfrenta acusações como conspiração, incitação ao ódio e terrorismo. Uma eventual ida a Oslo abriria outro impasse: seria seguro retornar ao país depois?

Líderes do chavismo, como o ministro do Interior Diosdado Cabello, dizem não ter informações sobre o paradeiro da opositora e ironizam a possibilidade de viagem.

Enquanto isso, familiares e aliados aguardam em Oslo, hospedados no Grand Hotel – onde tradicionalmente ficam os laureados do Nobel. A mãe, irmãs e filhos de Machado dizem não saber onde ela está, mas mantinham a esperança de sua chegada.

Apoio internacional

Apesar das incertezas, a premiação mobilizou uma rede internacional de apoio a Corina. Estão confirmados na cerimônia os presidentes Javier Milei (Argentina), Daniel Noboa (Equador), Santiago Peña (Paraguai) e José Raúl Mulino (Panamá) – todos críticos do chavismo e alinhados à agenda conservadora da opositora.

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