Política Nacional

Agressão, greve de fome e tumulto na Câmara: entenda por que Glauber Braga pode ser cassado

Deputado do PSOL protagonizou confusão com policiais legislativos nessa terça-feira ao protestar contra cassação

Alvo de um processo de cassação por agressão a um militante do MBL, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) reagiu com protestos ao longo deste ano que culminaram em tumulto no plenário da Câmara, nessa terça-feira (9), quando ele foi retirado do local à força pela Polícia Legislativa após ocupar a cadeira da Presidência da Casa.

O caso que motivou o processo disciplinar envolve um episódio ocorrido em abril de 2024, quando Glauber Braga agrediu e expulsou da Câmara o influenciador Gabriel Costenaro, ligado ao MBL. Costenaro estava no Congresso para acompanhar a discussão sobre a regulamentação da atividade de motoristas de aplicativo.

A confusão começou dentro da Câmara, mas continuou do lado de fora, quando o deputado chegou a chutar o militante. A cena foi filmada. Segundo relatos apresentados ao Conselho de Ética, o militante teria feito insinuações sobre a mãe de Glauber, a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que estava doente e morreu 22 dias depois.

O partido Novo apresentou a representação que resultou na abertura do processo.

Votação no Conselho de Ética e greve de fome

Em abril deste ano, o Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a 5, o parecer do relator Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a perda do mandato de Glauber.

A reunião – que durou sete horas e foi marcada por tumultos e discussões – reuniu dezenas de apoiadores do deputado. O parecer manteve o entendimento de que houve agressão física injustificada e quebra de decoro parlamentar.

Após a decisão do Conselho, Glauber iniciou uma greve de fome de nove dias. Ele afirmou que só voltou a se alimentar porque o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se comprometeu a não levar o processo ao plenário antes de 60 dias após a deliberação de um recurso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Em entrevista coletiva ao deixar a Câmara, o deputado classificou o gesto como um ato de resistência política.

Tumulto no plenário

Em novo protesto contra a cassação, Glauber ocupou a cadeira da Presidência da Câmara durante uma sessão de discursos nessa terça-feira. O deputado tomou a atitude depois de Motta informar que o plenário da Câmara vai decidir até o fim do ano sobre a cassação dele.

Glauber disse que iria permanecer no local “até o limite das forças” dele. O deputado do PSOL ainda relembrou o motim protagonizado em agosto deste ano por deputados de oposição no plenário da Casa em protesto contra a prisão pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa Mesa Diretora e que até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele”, disse.

A sessão estava sendo transmitida pela TV Câmara, mas o sinal foi cortado minutos depois. Além disso, jornalistas foram retirados do plenário pela Polícia Legislativa.

Depois, policiais foram em direção a Glauber e o retiraram à força da cadeira da presidência. Na confusão, ele teve o terno rasgado. Outros deputados tentaram impedir a ação dos seguranças e foram agredidos.

A confusão se estendeu para o Salão Verde, onde jornalistas aguardavam a saída do parlamentar. Profissionais da imprensa foram impedidos de acompanhar parte do protesto e posteriormente relataram agressões por parte de policiais legislativos.

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