Com Maduro no alvo, Trump deixa claro como deve agir na América Latina
Recentes medidas de Trump incluem reformulação na política militar dos EUA para as Américas, e ações na Venezuela

A cada semana, Donald Trump dá novos sinais e faz ameaças sobre os Estados Unidos agirem militarmente na América Latina. A novidade apresentada por Washington foi uma mudança na estratégia de segurança nacional norte-americana, que agora dará mais atenção para a região, onde Nicolás Maduro é um dos principais alvos da retórica agressiva.
Crise na América Latina
- Desde agosto, os EUA realizam um cerco militar na América Latina e Caribe, com a justificativa de combater o tráfico de drogas que passa pela região
- Atualmente, navios de guerra, fuzileiros navais, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, estão posicionados na região.
- A América Latina também é alvo de uma operação militar chamada Lança do Sul, que visa aumentar os esforços norte-americano contra o tráfico de entorpecentes.
- Dados do Pentágono mostram que 23 embarcações já foram atacadas em águas caribenhas e do Oceano Pacífico durante a campanha militar. Apesar disso, provas da ligação dos barcos com o tráfico de drogas ainda não se tornaram públicas.
- Mesmo com os objetivos declarados, a movimentação militar dos EUA levanta suspeitas. Isso porque um dos principais alvos das ameaças de Trump tem sido o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
- O líder chavista é apontado por Washington como o chefe do cartel de Los Soles, grupo recentemente classificado como organização terrorista internacional. Um ato que abriu brechas para operações norte-americanas em outros países, justificadas com o combate ao terrorismo.
- Nos últimos dias, Trump revelou que as operações por água podem evoluir, e atingir diretamente países da região que “produzam e vendam” drogas para os EUA.
- Neste cenário, as ameaças também atingem o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que já foi acusado por Trump de ser traficante.
Segundo documento divulgado pela Casa Branca, o objetivo do republicano é realizar uma espécie de retomada da Doutrina Monroe – criada em 1823 para impedir avanços de potências europeias nas Américas – , para restaurar a influência norte-americana na região.
“Negaremos a competidores extrarregionais a capacidade de posicionar forças ou outras capacidades ameaçadoras, ou de possuir ou controlar ativos estrategicamente vitais em nosso hemisfério”, diz um trecho do documento. “Esse ‘Corolário Trump’ à Doutrina Monroe é uma restauração lógica e poderosa do poder e das prioridades americanas, consistente com os interesses de segurança dos EUA”.
A reformulação da política militar norte-americana acontece em meio a movimentos dos EUA na América Latina e no Caribe, que tem como plano de fundo o combate ao tráfico de drogas, mas respinga diretamente na Venezuela, liderada por Nicolás Maduro.
Sinalizações recentes
A possibilidade de um ataque contra o território venezuelano, conforme já foi prometido por Trump, aumentou nos últimos dias após declarações do presidente norte-americano.
No última quinta-feira (4), Washington emitiu um comunicado sobre a Venezuela e pediu a saída imediata de cidadãos norte-americanos do país. A diretriz reforça alertas anteriores sobre riscos de detenções ilegais, tortura, colapso do setor de saúde e terrorismo no país comandado por Maduro.
Dias antes, o presidente dos EUA usou a rede social Truth para anunciar mais uma de suas polêmicas decisões: o fechamento, de forma unilateral, do espaço aéreo da venezuelano.
Apesar de ter conversado com o líder chavista por telefone – diálogo classificado pelo presidente da Venezuela como “cordial” -, as medidas anunciadas recentemente por Washington costumam ser aplicadas em situações de conflito, ou na iminência dos mesmos. Um dos exemplos aconteceu em junho deste ano, quando os EUA autorizaram a saída de pessoal do Oriente Médio antes de Israel atacar o Irã.



