ONG do Rio embolsou R$ 19 milhões para projeto no Amapá e virou alvo da Polícia Federal
ONG carioca sem estrutura no estado foi denunciada por supostas irregularidades em convênio de R$ 19,2 milhões destinados ao projeto “Conexão Norte”, que previa ações esportivas em dez municípios amapaenses
A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal investigam uma entidade sediada no Rio de Janeiro que recebeu R$ 34,5 milhões da União, parte deles destinados ao Amapá, por meio de emendas parlamentares federais. O Instituto Nacional de Assistência, Trabalho, Oportunidade e Saúde (INATOS) é apontado em relatório da CGU como beneficiário de um termo de fomento de R$ 19,2 milhões para executar o projeto “Conexão Norte”, voltado à implantação de núcleos esportivos em dez municípios amapaenses.
A entidade, no entanto, não teria estrutura comprovada para atuar no estado. O documento da CGU aponta que o INATOS funciona em duas pequenas salas no bairro Vila Isabel, no Rio de Janeiro, sem sede física no Amapá ou indícios de capacidade técnica e operacional para conduzir o projeto.
A situação chamou atenção do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que determinou o envio do relatório da CGU à Polícia Federal. Segundo o levantamento, o instituto não respondeu ao ofício do órgão de controle que solicitava documentação comprobatória da execução do convênio, cujo prazo expirou em 12 de setembro de 2025.
O projeto “Conexão Norte” previa atender cerca de 8000 pessoas, entre crianças, adolescentes e idosos, com atividades esportivas como futebol, vôlei, jiu-jitsu, capoeira, dança e musculação. A CGU, porém, afirma não ter encontrado registros suficientes para confirmar a implementação das ações nos municípios beneficiados.
Além do convênio no Amapá, a mesma entidade foi beneficiada por outras emendas parlamentares — cerca de R$ 3 milhões indicados pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ) e R$ 6,5 milhões pelo deputado Juninho do Pneu (União-RJ) —, também sob apuração por supostas irregularidades na execução.
No total, os contratos somam R$ 34,5 milhões em repasses públicos entre 2020 e 2024. A CGU classificou o caso como de “alto risco” e apontou possível falta de controle e transparência na destinação de recursos federais por meio de emendas.
A Polícia Federal ainda não divulgou se já instaurou inquérito formal sobre o caso, mas fontes do governo confirmam que a denúncia foi recebida e que a apuração deve seguir sob sigilo.



