Cutucadas e indiretas esquentam Palmeiras e Flamengo na briga pelo Brasileirão e Libertadores
Rivalidade cresce com críticas sobre gramado sintético, STJD e direitos de TV

A disputa Flamengo X Palmeiras extrapolou o campo e virou guerra de narrativas a poucos dias da decisão da Libertadores, em 29 de novembro, em Lima, e da reta final do Brasileirão.
Respostas atravessadas em entrevistas coletivas, notas oficiais, insinuações e cobranças públicas a órgãos do futebol fazem parte do duelo que também acontece fora dos gramados.
Sintético proibido?
No mais recente capítulo da briga, o Flamengo propôs um pacote de propostas para o Fair Play Financeiro da CBF. Entre as medidas, o clube quer proibir gramados sintéticos em competições nacionais, argumento que, nos bastidores, foi lido no Palmeiras como tentativa de enfraquecer o alviverde.
O texto rubro-negro ainda sugere perda de pontos para equipes em recuperação judicial, bloqueios a “brechas contábeis” e controles mais rígidos de caixa.
Caso Bruno Henrique
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, subiu o tom ao comentar o julgamento de Bruno Henrique no STJD. “O Palmeiras sempre respeitou, e seguirá respeitando, as instituições, mas espera o mesmo respeito de volta. O que está acontecendo não é justo”, afirmou.
A presidente comparou a situação do atacante do Flamengo à punição de Allan, do próprio Palmeiras, e cobrou equilíbrio para que decisões não interfiram no desfecho do campeonato.
“Um atleta é condenado por uma infração grave e joga normalmente por dois meses, inclusive fazendo gols e decidindo jogos. Aí, quando finalmente é marcado o novo julgamento, vota-se pela absolvição deste atleta e a sessão é adiada. Enquanto isso, o Allan, que era réu primário, pega duas partidas de suspensão por um lance de jogo e depois tem a punição ratificada pelo Tribunal em pouco mais de 15 dias. E tudo isso acontece em uma semana decisiva, quando já teríamos vários desfalques por conta da Data Fifa. Não queremos ser beneficiados, mas não aceitamos ser prejudicados”, reclamou a presidente.
Critérios de desempate
O técnico do Flamengo, Filipe Luís, já questionou o regulamento do Campeonato Brasileiro. O treinador destacou que, mesmo tendo vencido os dois confrontos diretos contra o Palmeiras, o Flamengo não assumiu a liderança por causa do critério de desempate baseado no número de vitórias, o que difere do que ocorre em ligas europeias, onde o confronto direto tem prioridade.
Claro que a observação foi interpretada como mais uma alfinetada no rival e causou reação imediata de torcedores palmeirenses nas redes, que lembraram que o sistema atual busca premiar a regularidade ao longo da temporada.
Direitos de transmissão
A disputa pelos direitos de TV é um dos capítulos mais tensos dessa rivalidade fora de campo. O embate começou quando o Flamengo recorreu à Justiça do Rio de Janeiro para bloquear o repasse de R$ 77 milhões destinado aos clubes integrantes da Libra, grupo que reúne Palmeiras, São Paulo, Santos e outras equipes que negociam coletivamente a venda das cotas de TV.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, reagiu publicamente ao gesto, trocando provocações diretas com Luiz Eduardo Baptista, o Bap, mandatário do Flamengo. Em uma das respostas mais comentadas, Leila ironizou declarações antigas de Bap, então presidente da Sky, sobre “comprar a Netflix se ela incomodasse demais”, e devolveu com humor ácido. “Pode ficar tranquilo, não estou comprando nem o Vasco nem a Netflix”, disse.
Com troféus em jogo e microfones ligados, cada frase vira munição. E, antes de a bola rolar em Lima, Palmeiras e Flamengo já disputam outro título, esse simbólico: o do discurso mais contundente fora das quatro linhas.



