Entre discussões do clima, Brasil derrapa na preparação e tem obras de última hora em Belém
Pavimentação de ruas, banheiro sem água e finalização de entregas dividiram pauta com fundo de proteção a florestas e plano de transição energética

Enquanto representantes de mais de 140 países assistiam à apresentação de Bumba meu Boi durante a abertura da Cúpula de Líderes da COP30, na última quinta-feira (6), em Belém, trabalhadores do lado de fora tentavam contornar atrasos nas obras do evento.
Na área de passagem usada por delegações e jornalistas, o cenário incluía marteladas, odor de madeira recém-cortada, banheiros sem água e pontos de alimentação fechados.
As pendências estruturais dividiram espaço com as discussões ambientais entre líderes mundiais, realizadas em área restrita no Parque da Cidade. Participantes relataram falhas na internet e instalações inacabadas. Os ajustes continuaram ao longo do dia, mas os demais problemas foram solucionados.
O secretário da COP-30, Valter Correia, confirmou que há intervenções em andamento na Zona Azul, local da cúpula. Segundo ele, as obras “não são estruturais” e fazem parte de ajustes “previstos”.
Correia admitiu atrasos, mas garantiu que os trabalhos serão concluídos até segunda-feira (10).
“Sempre há um pequeno atraso, mas, para a cúpula dos líderes, está tudo funcionando”, afirmou. “Temos bastante prazo até lá e vamos entregar tudo dentro do previsto”, completou.
TFFF avança em ritmo moderado
Mesmo com os contratempos, o governo avaliou como positivo o resultado da Cúpula de Líderes, encerrada na sexta-feira (7). O encontro reuniu representantes de vários países e marcou o início dos debates sobre a agenda ambiental.
Um dos principais destaques foi a apresentação formal do Tropical Forests Forever Fund (TFFF), fundo proposto pelo Brasil para financiar a preservação de florestas tropicais.
O programa busca atrair investimentos internacionais voltados à conservação ambiental. Até agora, os compromissos de aporte superam US$ 5,5 bilhões, e o objetivo brasileiro é alcançar US$ 10 bilhões até o fim do ano – valor mínimo para colocar o projeto em prática.
Negociadores do país esperam novas contribuições, especialmente da Alemanha, além de possíveis anúncios da China, Reino Unido, Espanha e Noruega, segundo informações apuradas pelo R7.
O secretário do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, destacou o caráter de longo prazo do investimento: “Os países têm procedimentos. Tudo bem que nós não estamos pedindo doação, estamos pedindo investimento. Só que esse investimento é de longo prazo. Então, para que os países façam isso, eles vão receber de volta esse curso corrigido e tudo mais. É um procedimento que não é feito imediatamente”, afirmou.



