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Resultados das eleições legislativas na Argentina podem desafiar o Brasil? Entenda

Pleito de domingo reforçou influência de Milei e pode ter impacto na relação com outros países, segundo especialistas

O presidente da Argentina, Javier Milei, sai fortalecido das eleições legislativas desse domingo (26), que renovaram metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Embora ainda sem maioria própria, o presidente deverá contar com apoio suficiente para evitar derrotas no Congresso e negociar alianças pontuais para avançar em sua agenda liberal.

Os candidatos de seu partido, LLA (La Libertad Avanza), conquistaram quase 41% dos votos e garantiram ao governo uma bancada ampliada, com 64 novos deputados e mais 13 senadores, a partir de dezembro, quando Milei inicia a segunda metade de seu mandato.

Especialistas avaliam que o resultado representa uma virada para Milei, que vinha sofrendo resistência no Parlamento e enfrentava queda de popularidade.

O novo Congresso deve facilitar a aprovação de reformas econômicas e sociais (trabalhista, tributária e administrativa) defendidas pelo presidente, além de cortes de gastos públicos.

Para o cientista político André César, o fortalecimento do bloco governista consolida a agenda liberal do governo.

“Milei estava enfrentando muitas dificuldades, mas ganhou uma sobrevida muito importante. Ele vai tentar avançar nessas reformas, que não são fáceis, mas agora tem mais espaço político para isso”, ressalta.

A professora de Relações Internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em América Latina, Regiane Bressan, acredita que, agora, o argentino vai focar em flexibilizar leis e acelerar medidas de austeridade.

“A oposição continua praticamente do mesmo tamanho, mas a sua base cresceu muito, então realmente ele vai ter mais chance de implementar as suas políticas econômicas, fazendo cortes de maneira mais veemente”, acredita Bressan.

André César pondera, no entanto, que o alto índice de abstenção – o maior desde 1942 – mostra que parte do eleitorado argentino segue desiludida e distante do debate político.

Efeitos para o Brasil e o Mercosul

O fortalecimento de Milei também repercute nas relações com o Brasil e no equilíbrio político da América do Sul.

Para os analistas, a estabilidade conquistada com o novo Congresso pode reduzir tensões diplomáticas – um cenário que, se bem administrado, tem o potencial de beneficiar também o Brasil no campo econômico e comercial.

Segundo André César, o novo cenário consolida uma guinada conservadora na região, com reflexos diretos para o governo Lula e o futuro do Mercosul.

“O reforço da direita na Argentina e a vitória de conservadores em outros países mostram que algo está se mexendo. O Brasil precisa manter o diálogo, porque a Argentina é um parceiro essencial, mas a relação com esse ‘Milei repaginado’ exigirá cautela”, avalia o cientista político.

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