Tarifaço: os próximos passos após o encontro de Lula e Trump
Governo brasileiro vai enviar uma comitiva a Washington nas próximas semanas, quando os EUA devem apresentar demandas para acordo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retorna a Brasília tendo superado o primeiro momento de aproximação com o presidente dos EUA, Donald Trump. Os líderes se encontraram na Malásia e deram o pontapé inicial para a negociação sobre o tarifaço, e as próximas semanas serão cruciais para a construção de um acordo com Washington.
A conversa entre Lula e Trump, realizada no último domingo (26) em meio à 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), serviu para estabelecer confiança entre os presidentes sobre a vontade de negociar. Eles trocaram contatos diretos e determinaram que os auxiliares passassem a tratar dos termos o mais cedo possível.
Uma primeira conversa técnica ocorreu ainda em Kuala Lumpur. Participaram da reunião, pelo lado brasileiro, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, e assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial para Assuntos Internacionais, Audo Faleiro.
Pelo lado norte-americano, os enviados foram o representante de comércio dos EUA (USTR), Jamieson Greer, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Na conversa, ficou acordado que o Brasil enviaria uma comitiva a Washington o quanto antes, provavelmente na primeira semana de novembro.
“Já falei com os meus negociadores. Ele [Trump] foi para a Coreia, para o Japão, mas, a depender do resultado desta semana, eu já vou importuná-lo com um telefonema direto. Ele também tem o meu telefone. Só que, como eu não uso celular, eu dou o do meu cerimonial”, disse Lula em coletiva de imprensa na Malásia.
Segundo fontes do Planalto, os cotados para liderar a comitiva são os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços), além do próprio chanceler Mauro Vieira. Só então, acredita o Planalto, o Brasil ficará ciente das reais demandas dos EUA. A Casa Branca, dizem interlocutores do presidente Lula, até o momento não apresentou as exigências.
A leitura do governo brasileiro é que Trump ainda prepara uma proposta. O Brasil, por outro lado, colocou as cartas na mesa. O presidente Lula pediu a suspensão do tarifaço com o início da negociação e também o cancelamento das sanções impostas a ministros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Dessa forma, as próximas semanas serão cruciais para o desenrolar da negociação. O Planalto e a Casa Branca passaram a ter um contato direto, e querem negociar o mais rapidamente possível. O encontro, dizem interlocutores, só não ocorrerá esta semana porque os norte-americanos têm agendas externas na Coreia do Sul e Japão.



