Cultura

Coletivos Semente Wanaku e Kayeb promovem exposições e oficinas que fortalecem a cultura indígena amapaense

Iniciativa valoriza saberes tradicionais e gera oportunidades para mulheres em situação de vulnerabilidade social

Os coletivos indígenas Semente Wanaku e Kayeb realizam, entre os meses de outubro e dezembro, uma série de exposições e oficinas itinerantes em Macapá, Santana e outros municípios do Amapá. As ações buscam preservar e valorizar a cultura indígena por meio da transmissão de saberes artesanais, com foco especial em mulheres em situação de vulnerabilidade social.

A abertura do cronograma acontece nos dias 30 e 31 de outubro, no Instituto Federal do Amapá (IFAP), campus Santana.

Os projetos – “Oficinas de Artesanato Indígena Sementes de Wanaku – Empoderamento e Valorização Cultural”, “Exposição Sementes de Wanaku – Arte, Cultura e Resistência Indígena” e “Mostra Cultural Kayeb – Arte e Ancestralidade Palikur-Arukwayene” – são promovidos pelos coletivos Semente Wanaku, formado por Geraldina Iaparrá Labonté, Dilziane Labonte (Dilza Palikur), Dilzete Labonte Orlando e Zuleika Marworno, representantes das etnias Palikur-Arukwayene e Galibi-Marworno, do município de Oiapoque (AP), e pelo Coletivo Kayeb, que reúne os artistas Josieldo Labontê Orlando, Francileia Narciso Iaparrá e Jordan Palikur, todos da etnia Palikur Arukwayene.

Segundo Dilza Palikur, uma das idealizadoras do projeto, o objetivo é unir resistência cultural e autonomia econômica.

“A ideia do projeto Semente Wanaku surgiu da necessidade de resistir ao apagamento cultural e garantir que os saberes indígenas continuem vivos nas gerações futuras, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades de geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade”, explica.

A artesã Zuleika Marworno destaca o impacto social da iniciativa.

“Este projeto é relevante para a sociedade porque não apenas contribui para a inclusão social e econômica das mulheres participantes, mas também amplia o reconhecimento e o respeito à cultura indígena, promovendo um diálogo entre tradição e contemporaneidade”

As oficinas serão realizadas em escolas públicas e comunidades periféricas, para alcançar o público ao qual o projeto se destina. As participantes aprenderão a confeccionar cuias, colares, pulseiras e brincos com materiais naturais e técnicas tradicionais, enquanto são compartilhadas narrativas, mitologias e significados simbólicos associados aos artefatos.

Após o ciclo de oficinas, as produções darão origem a exposições coletivas, que apresentarão ao público os resultados das formações, ampliando o alcance e o impacto do projeto.

Na Mostra Cultural Kayeb, o artista Josieldo Labontê explica que o público poderá conhecer uma diversidade de peças simbólicas.

“Os artefatos expostos incluem esculturas de kayeb, miniaturas de talheres e outros artefatos tradicionais, além de adornos como colares, pulseiras e cocares”, conclui Labontê.

Mostra destaca saberes indígenas na arte das cestarias de arumã

A abertura do cronograma de eventos contará com a Mostra “Os Ruídos de Arquivo dos Saberes Indígenas na Poética das ‘Tramas’ das Cestarias de Arumã”, da pesquisadora, poeta e escritora indígena Cláudia A. Flor D’Maria.

A exposição apresenta a cestaria de arumã como expressão de memória, identidade e cultura, valorizando o conhecimento tradicional dos povos indígenas, especialmente do povo Itaquêra.

Segundo a pesquisadora, o trabalho evidencia a cadeia produtiva da cestaria – que inclui paneiros, abanos, cestos e outros artefatos – e a poética que envolve esse fazer artesanal.

“Na minha pesquisa, trago a etnia Itaquêra como protagonista de uma narrativa vivenciada em seus territórios amazônicos, destacando a cosmologia e as narrativas indígenas compartilhadas por mulheres que ainda dominam a técnica dos trançados de arumã”, explicou Cláudia A. Flor D’Maria.

Os projetos foram contemplados por edital e contam com patrocínio do Governo Federal, por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, sob gestão da Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult-AP).

Serviço

Oficinas e exposições de artesanato indígena
Data: 30 e 31 de outubro (quinta e sexta-feira)
Hora: 9h30
IFAP – Campus Santana
Rodovia Duca Serra, 1133 – Bairro Fonte Nova, Santana (AP)

Texto: Mary Paes

  • Atendimento à imprensa: Mary Paes (96) 99179-4950
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