Peru decreta estado de emergência em Lima por 30 dias
Medida do presidente José Jerí ocorre após protestos da “Geração Z” e crescente onda de criminalidade

O presidente do Peru, José Jerí, declarou estado de emergência por 30 dias na capital do país, Lima, para conter o avanço da criminalidade e a escalada da violência nas ruas da capital. O decreto foi anunciado nesta terça-feira (21) e entra em vigor à meia-noite no horário local (2h no horário de Brasília).
A decisão foi tomada em meio a uma crise política e social que se intensificou após a morte do rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, durante protestos realizados na última quarta-feira (15/10).
O artista foi atingido por um disparo feito por um policial, segundo informações da imprensa local. O episódio gerou forte comoção nacional e reacendeu críticas à condução do governo de Jerí.
Com o estado de emergência, as autoridades poderão restringir direitos como liberdade de reunião e trânsito, além de autorizar operações conjuntas entre a polícia e as Forças Armadas. O governo espera que a medida ajude a conter tanto a criminalidade crescente quanto os novos protestos previstos para os próximos dias.
Confrontos e feridos em protestos
Os protestos, organizados majoritariamente por jovens da chamada “Geração Z”, nascidos entre 1995 e 2009, começaram de forma pacífica, mas acabaram em confronto com as forças de segurança. Manifestantes lançaram coquetéis molotov, fogos de artifício e objetos contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Segundo o presidente, 55 policiais e 20 civis ficaram feridos, e dez pessoas foram presas. As manifestações se concentraram na Praça San Martín, no centro de Lima, e foram convocadas por meio das redes sociais.
Entre as principais demandas estão ações contra o aumento da criminalidade, a saída do presidente interino, o fechamento do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para redigir uma nova Constituição.
Em publicação nas redes sociais, Jerí lamentou a morte do rapper e afirmou esperar que “as investigações determinem com objetividade os fatos e responsabilidades”.
Manifestações ocorrem dias após impeachment de Dina Boluarte
José Jerí assumiu a presidência há apenas seis dias, após o impeachment de Dina Boluarte, aprovada de forma unânime pelo Congresso peruano. Ela foi destituída sob a acusação de “incapacidade moral” em meio a denúncias de corrupção, incluindo o chamado “Rolexgate”, escândalo envolvendo relógios de luxo não declarados usados por Boluarte em eventos oficiais.
Jerí, de 38 anos, era o presidente do Congresso e integra o partido conservador Somos Peru. Ele é o sétimo chefe de Estado do país desde 2016, em meio a uma sequência de crises institucionais que abalaram a estabilidade política do país.