Flamengo celebra: A confiança entre Filipe Luís e Pedro voltou ‘na hora das decisões’: Brasileiro e Libertadores
Acabou o clima ruim, a tensão entre o treinador e o atacante. Filipe Luís perdoou Pedro por relaxar nos treinos, quando se viu reserva. E Pedro perdoou Filipe Luís pela falta de diálogo, no seu retorno de contusão. Meta dos dois é ganhar a Libertadores e o Brasileiro, além do artilheiro sonhar em disputar outra Copa do Mundo

A relação esteve por um fio. No final do Mundial de Clubes, os dois mal se olhavam. Não havia diálogo entre Filipe Luís e Pedro. Ambos se sentiam traídos. O jogador sem os holofotes que sonhava, na reserva nos Estados Unidos. E o técnico percebendo a irritação, a falta de vontade do artilheiro em treinar. O rompimento, com a venda de Pedro, esteve por um fio.
Depois da frustração do Flamengo na principal competição do ano, o treinador não se segurou mais. E na noite de 12 de julho, depois da vitória contra o São Paulo, com Pedro na reserva, Filipe Luís deixou tudo às claras.
“O comportamento e a atitude do Pedro durante a semana… Foi lamentável, beirou o ridículo. Evidentemente que o Pedro tem os seus problemas pessoais com a diretoria, com o clube, problemas dele. E não é de agora que ele vinha treinando muito mal. Só que esta semana ele rompeu para mim com um princípio claro que nós temos como comissão e o grupo de jogadores, que é a cultura de treino. O que ele fez foi uma falta de respeito, a atitude dele nos treinamentos. E não duvidei em nenhum momento de deixá-lo fora da lista de relacionados, porque esse tipo de comportamento pode contagiar. Faltou com o respeito com os torcedores, que estão esperando o melhor Pedro, e com o clube, que paga o salário.”
Uma declaração, atribuída ao diretor de futebol, José Boto, já tinha balançado a Gávea. A de que se surgisse uma proposta de 15 milhões de euros, cerca de R$ 94 milhões, o Flamengo venderia Pedro.
A afirmação estaria até em um print, que chegou às mãos de um jornalista, que espalhou a notícia.
Pedro só não foi vendido porque não surgiu um clube disposto a pagar não 15 milhões de euros, mas 25 milhões, R$ 157 milhões, aí sairia negócio.
O atacante percebeu que o treinador estava certo.
O período de sete meses que ficou fora, por conta do rompimento dos ligamentos cruzados da perna esquerda, o atrapalhou demais. E ele procurou Filipe Luís para uma conversa séria. Reconheceu que seu rendimento havia caído muito. Pediu desculpas ao técnico e aos companheiros de time. Passou a ser o atleta que mais se dedica nos puxados treinos no Flamengo.
E o seu futebol, aos poucos, voltou a ter um nível excelente. Voltou a confiança nas divididas, o arranque na hora de chegar à frente dos beques, a ousadia em tentar o lance mais difícil. Mais a visão privilegiada para servir os companheiros. A reação do atacante foi tão grande, que o treinador passou a conversar muito com Pedro.
Trocar longas ideias sobre a movimentação do ataque, de como explorá-lo melhor. Como ele gostaria de atuar. E como, na visão do técnico, o artilheiro poderia voltar e ainda ser fundamental aos companheiros.
A sintonia se tornou tão forte que Filipe Luís fez, contra o Palmeiras, algo que não gosta de fazer: pedir a convocação de um jogador do Flamengo para a Seleção Brasileira.
“Eu não sou o Ancelotti, mas um jogador que já jogou uma Copa do Mundo se credencia para outra”. Pedro não esperava essa declaração. E agradeceu a Filipe Luís.
A harmonia voltou à Gávea no momento decisivo. No Brasileiro e na Libertadores.
Pedro virou homem de total confiança do treinador. Grande esperança na conquista dos dois títulos pelo Flamengo. E a recompensa pode vir na lista de convocados de Ancelotti…