Sob pressão do Brasil, países se reúnem em evento da ONU para acelerar metas climáticas
Encontro visa impulsionar a ação global para reduzir emissões até 2035 com acordos antes da COP30

Nesta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará de um evento especial de alto nível sobre ação climática organizado pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, durante a Assembleia Geral em Nova York, nos Estados Unidos.
O encontro visa impulsionar a mobilização internacional e estimular a apresentação de novas metas de redução de gases de efeito estufa para 2035, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), compromissos assumidos individualmente por cada país signatário do Acordo de Paris (2015) para enfrentar as mudanças climáticas.
O que são as metas climáticas
As metas são o principal instrumento do Acordo de Paris, firmado em 2015, para enfrentar a crise climática.
No acordo, todos os países signatários se comprometeram a apresentar, a cada cinco anos, objetivos voluntários de redução das emissões, que precisam ser progressivamente mais ambiciosos e compatíveis com o limite de 1,5 ºC de aquecimento global.
Os países signatários deveriam entregar a terceira rodada de NDCs até fevereiro de 2025, mas só dez signatários atualizaram seus compromissos. Diante do atraso, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, prorrogou o prazo até o fim de setembro.
O objetivo é permitir a inclusão das novas metas no relatório-síntese, divulgado antes da COP30, que acontece em novembro, em Belém.
O Brasil já apresentou suas metas atualizadas em novembro de 2024. O governo estabeleceu uma redução de 59% a 67% das emissões líquidas até 2035, na comparação com 2005.
COP30 depende das atualizações das metas climáticas
A atualização das metas climáticas é considerada crucial para manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC. Nesse contexto, a COP30 surge como uma oportunidade estratégica para acelerar a ação climática global, fortalecer o multilateralismo e garantir recursos e apoio à adaptação dos países mais vulneráveis.
Como país anfitrião da conferência, o Brasil busca impulsionar a comunidade internacional a cumprir os prazos. No discurso de abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, Lula reforçou a urgência do tema.
“O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta. Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas, caminharemos de olhos vendados para o abismo”, afirmou. “Em Belém, o mundo vai conhecer a realidade da Amazônia. O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento da região nos dois últimos anos”, completou Lula.
Países não serão punidos se não entregarem metas
Até agosto deste ano, aproximadamente 80% dos países não tinham atualizado as metas climáticas. Para o especialista em transição energética da FGV Daniel Vargas, a falta de atualizações nas metas climáticas acende um sinal de alerta para os compromissos globais.
Segundo ele, a maioria dos países ricos, grandes emissores de gases, não demonstra o mesmo comprometimento ambiental de antes, citando a Europa como exemplo, um dos maiores emissores de gases do mundo.
A falta de entrega das metas não gera punição para os países, mas pode prejudicar a imagem global de alguns membros.