Valores, datas e capacidade: veja todas as novidades sobre o estádio do Flamengo
Objetivo do clube é erguer a arena ‘sem comprometer o futebol’; cronograma que previa inauguração em 2029 foi descartado

O Flamengo apresentou ao Conselho Deliberativo um novo estudo de viabilidade para a construção do estádio no terreno do Gasômetro. A arena terá capacidade de 72 mil lugares, custará R$ 2,2 bilhões e só deve ficar pronta a partir de 2034. O prazo pode se estender até 2036, dependendo de fatores externos.
O presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, explicou que a revisão foi necessária porque o projeto anterior superestimava receitas, subestimava custos e ignorava etapas essenciais do cronograma. “Era muito mais complexo do que se imaginava. Não é simples, não é rápido e não é fácil”, disse Bap durante a reunião.
O novo estudo foi elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e considerou análises de topografia, patrimônio histórico, sondagem e descontaminação do terreno. A área pertence à Prefeitura e hoje tem 55% ocupados pela Naturgy, empresa responsável pelo abastecimento de gás da região metropolitana do Rio. Segundo comunicado da companhia, o prazo para remanejamento das instalações pode levar até quatro anos. A descontaminação do solo deve durar entre 18 e 24 meses.
Na prática, o início das obras não aconteceria antes de seis a sete anos, com mais três anos de construção. O cronograma anterior, que previa a inauguração em 2029, foi considerado irreal.
A FGV também revisou os cálculos financeiros. O projeto inicial previa um custo de R$ 1,9 bilhão, mas a atualização para 2024 elevou o valor para R$ 3,1 bilhões. Após cortes, o número caiu para R$ 2,2 bilhões.
Segundo a atual diretoria, as estimativas anteriores inflavam receitas com patrocínios de R$ 60 milhões, venda de naming rights e valorização das Cepac, certificados de potencial construtivo. A previsão de arrecadar R$ 552 milhões com as Cepac foi reduzida para R$ 194 milhões.
Outro ponto destacado foi o preço do ingresso médio previsto no projeto anterior, de R$ 195,44, mais que o dobro do praticado atualmente no Maracanã. O novo plano prevê menos assentos premium e busca maior popularização. “Foi planejado um estádio complexo e elitizado. A proposta agora é corrigir essas distorções”, disse Ricardo Simonsen, diretor técnico da FGV.
Três modelos de financiamento foram apresentados. O primeiro, por meio de empréstimos, foi descartado pelo alto custo dos juros. O segundo, com parceria privada, semelhante ao modelo usado pelo Palmeiras, também foi rejeitado por exigir mais de 25 anos para retorno financeiro. A diretoria optou pela terceira alternativa, considerada a mais viável: poupança gradual de recursos próprios e incremento com novas receitas como naming rights, camarotes e cadeiras cativas.
Esse modelo prevê aportes de R$ 5,8 milhões mensais entre 2026 e 2028. O valor sobe para R$ 11,6 milhões até 2033, fase em que o clube também fará gastos com licenças e limpeza do terreno. Na etapa final, de 2033 a 2036, o aporte será de R$ 12 milhões por mês.
O Flamengo ainda projeta arrecadar R$ 195 milhões com a venda do potencial construtivo da Gávea, além de receitas com camarotes, cadeiras e naming rights. A diretoria planeja negociar os direitos nominais do estádio apenas quando a obra estiver avançada, estimando R$ 177 milhões dois anos antes da inauguração.
Segundo Bap, o objetivo é erguer a arena sem comprometer o futebol. “Na hora em que a gente passou pela parte da viabilidade financeira, ficou claro que para fazer o estádio no prazo previsto teríamos de abrir mão da performance esportiva ou transformar o clube em SAF. Era uma premissa nossa não perder desempenho esportivo e não virar SAF”, afirmou.
O presidente também criticou a antiga gestão pelo contrato assinado com a Libra para transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro. “Se não fosse o contrato que celebramos com a Libra, em que perdemos meio bilhão de reais em cinco anos, talvez esse estádio pudesse sair em 2034”, disse.
Com a revisão, o Flamengo mantém o projeto do estádio no Gasômetro, mas com metas mais realistas em relação a prazos, custos e capacidade. “O sonho continua de pé. O Flamengo vai ter o seu estádio. Mas não tão rapidamente como se imaginava”, resumiu Bap.



