Economia

Selic em 15% sufoca indústria brasileira e CNI exige corte urgente dos juros

Em setembro de 2025, o Banco Central decidiu manter a Selic em 15% ao ano. A medida foi considerada injustificada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade avalia que essa decisão adota postura excessivamente conservadora, mesmo diante da queda da inflação e da desaceleração da economia.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, reforça que não existe crescimento sustentável com juros tão altos. A consequência direta é a paralisação dos investimentos produtivos e a retração do crédito. Segundo ele, o Copom deve iniciar o ciclo de cortes já em novembro de 2025, durante a penúltima reunião do ano.

Além disso, a CNI defende que essa mudança é essencial para devolver fôlego ao setor industrial.

Impactos do crédito caro sobre a economia

Desde setembro de 2024, quando teve início o ciclo de alta, os efeitos da Selic se tornaram mais evidentes. Em julho de 2025, a taxa média do crédito às empresas saltou de 20,58% para 25,02% ao ano. No caso das famílias, o custo subiu de 52,26% para 57,65% ao ano.

Essa elevação impactou a Formação Bruta de Capital Fixo, que caiu 2,2% no segundo trimestre de 2025 em relação ao primeiro. Além disso, o consumo de bens industriais recuou 0,4% no mesmo período.

O PIB também perdeu ritmo, crescendo apenas 0,4% no segundo trimestre, após ter avançado 1,3% no primeiro. Para completar, em julho de 2025 o IBC-Br caiu 0,5%, com retrações em agropecuária, indústria e serviços, segundo o próprio Banco Central.

Inflação dá sinais de arrefecimento

Paralelamente, os indicadores de preços mostram trajetória favorável. Em 2025, o IPCA caiu de 1,31% em fevereiro para -0,11% em agosto, registrando cinco meses seguidos de desaceleração. Os principais fatores foram a apreciação do real, que reduziu a pressão sobre alimentos, e a safra recorde, que barateou bens industriais.

Relatório Focus, publicado semanalmente pelo Banco Central, aponta revisões sucessivas nas expectativas de inflação. Em maio de 2025, a previsão para o fim do ano era de 5,50%. Em setembro, a estimativa caiu para 4,83%. Esse cenário, segundo a CNI, reforça a necessidade de uma política monetária menos restritiva.

Perda de confiança e custos adicionais

Outro ponto crítico, portanto, é a confiança do setor industrial. Além disso, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) mostra nove meses consecutivos de pessimismo até setembro de 2025.

Ao mesmo tempo, os empresários enfrentam aumento do IOF sobre operações de crédito e câmbio. Nesse sentido, a carga extra dificulta o planejamento financeiro e pressiona custos.

Além disso, também enfrentam a elevação de tarifas dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras. Dessa forma, o cenário internacional se torna hostil e aumenta as barreiras para a competitividade.

Consequentemente, essa combinação pressiona a competitividade. Por isso, amplia as dificuldades de manutenção de investimentos e, ao mesmo tempo, compromete a geração de empregos.

Para a CNI, o prolongamento dos juros em 15% só agrava esse quadro. Assim, a instabilidade permanece e, portanto, mina a confiança empresarial no futuro próximo.

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