Brasil puxa a fila: América do Sul deve crescer 30% na produção de petróleo
Pré-sal brasileiro, boom da Guiana e avanço da Argentina colocam a América do Sul como a região petrolífera que mais cresce no mundo, enquanto o debate ambiental esquenta

A produção de petróleo na América do Sul entrou em uma fase de expansão acelerada.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o continente deve registrar um salto de 30% até 2030, o maior crescimento percentual do mundo, superando em ritmo de expansão até mesmo o Oriente Médio e os Estados Unidos.
O Brasil, a Guiana e a Argentina lideram essa corrida, com projetos que prometem transformar o mapa energético global.
Brasil quebra recordes com o pré-sal e atrai bilhões em investimentos
O Brasil é hoje o maior produtor de petróleo da América do Sul. Em junho, bateu recorde com quase 5 milhões de barris por dia de petróleo e gás natural, segundo a ANP. O motor desse crescimento é o pré-sal, uma das maiores formações de petróleo em águas profundas do planeta.
Projetos como Búzios, Mero, Sépia e Atapu estão entre os mais produtivos e atraem investimentos de gigantes do setor. A Petrobras, por sua vez, segue expandindo com novas unidades de produção, reforçando o protagonismo do país no cenário global.
Guiana surpreende: boom histórico para um país de 800 mil habitantes
A Guiana se tornou um fenômeno energético. Desde a descoberta de reservas no bloco Stabroek, em 2015, o país vive um crescimento sem precedentes.
Com pouco mais de 800 mil habitantes, a Guiana já figura entre os principais polos de exploração de petróleo em águas profundas, com operações lideradas pela ExxonMobil. Até 2030, a expectativa é que a produção duplique, consolidando o país como um novo player global.
Argentina aposta em Vaca Muerta e no petróleo não convencional
Na Argentina, o destaque é a reserva de Vaca Muerta, localizada na província de Neuquén.
Trata-se de uma das maiores formações de petróleo e gás de xisto do mundo, exigindo técnicas de fraturamento hidráulico para a extração.
Em julho, a produção da região registrou alta de 28% em um ano, o maior nível da história.
A estatal YPF definiu como objetivo estratégico acelerar ao máximo a produção, apoiada em projetos de infraestrutura como o oleoduto de mais de 400 km previsto para 2026, que ligará Vaca Muerta ao Atlântico.
Crescimento médio de 4% a 5% ao ano: acima da média mundial
De acordo com estudos da Rystad Energy e da McKinsey, a América do Sul pode alcançar um crescimento de até 35% na produção de petróleo até o fim da década, caso os preços internacionais se mantenham em patamares atuais.
Isso significaria um aumento médio anual de 4% a 5%, enquanto a média global gira em torno de 1%.
Mesmo sem produzir tanto quanto o Oriente Médio, a região se destaca pelo ritmo de crescimento e pela ausência de restrições da OPEP.
Pressão ambiental e o papel da transição energética
Apesar do boom, especialistas e organizações ambientais questionam o impacto do aumento da produção.
Com a COP30 prevista para novembro no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os recursos vindos do petróleo serão usados para financiar a transição energética: “É dessa riqueza que a gente vai ter dinheiro para construir a sonhada transição energética”.
Críticos, no entanto, apontam contradições e alertam para a urgência de reduzir emissões. Enquanto isso, investidores enxergam no continente custos de produção mais baixos e reservas ainda em fase inicial de exploração.